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Israel diz ter matado 10 terroristas em operação em campo de refugiados na Cisjordânia

Soldados israelenses conduzem uma família palestina para fora de sua casa durante uma operação no campo de refugiados de Nur Shams, na Cisjordânia ocupada, em 20 de abril de 2024. (Foto: Zain Jaafar/AFP)

As Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla do inglês) disseram nesse sábado (20) que as forças de segurança haviam matado dez “terroristas” em uma operação em andamento em Nur al-Shams, um campo de refugiados em Tulkarm, no norte da Cisjordânia ocupada.

“As forças da IDF e da Polícia de Fronteira de Israel estão dando continuidade a uma extensa atividade de contraterrorismo na área de Nur Shams. Até o momento, as forças de segurança eliminaram dez terroristas durante encontros, prenderam oito suspeitos procurados, expuseram dispositivos e rotas explosivas e realizaram buscas em estruturas”, disse a IDF em um comunicado.

“As forças de segurança localizaram e destruíram um laboratório de explosivos terroristas e confiscaram várias armas, incluindo pistolas, fuzis M16 e outros equipamentos militares”, acrescentaram. A IDF disse que oito de seus soldados e um oficial da Força de Fronteira ficaram feridos.

No sábado, a agência de notícias oficial palestina, Wafa, disse que cinco pessoas haviam sido mortas durante a operação israelense em Nur al-Shams. Um dos mortos era uma criança, segundo a Wafa, enquanto o Ministério da Saúde palestino disse que outra vítima tinha 16 anos.

A Wafa citou testemunhas que disseram que os militares israelenses estavam retendo os “corpos das vítimas e impedindo que as equipes de ambulância chegassem até eles”. Escavadeiras destruíram redes de água e esgoto e causaram interrupções na eletricidade, de acordo com a Wafa, enquanto “dezenas de jovens” foram detidos.

A operação parece ser uma das maiores na Cisjordânia desde 7 de outubro.

Cruz Vermelha

Já a Cruz Vermelha Palestina anunciou, também no sábado, que 14 pessoas morreram numa incursão israelense iniciada na noite de quinta-feira (18) no campo de deslocados de Nur Shams, no norte da Cisjordânia ocupada.

Jornalistas da AFP constataram que o Exército se retirou no sábado (20) à noite, 48 horas após o início da operação na região, frequentemente alvo de incursões que são muitas vezes letais. Um repórter afirmou ter ouvido explosões e tiros na manhã de sábado, e ter visto pelo menos três casas explodirem e drones sobrevoando o campo.

Imagens da AFPTV mostraram veículos militares e soldados circulando pelos becos do campo de deslocados, onde vivem cerca de 7 mil pessoas. Após a saída dos soldados do local, socorristas atenderam um palestino algemado, com os pés lacerados e deitado na calçada.

O Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina informou que “várias pessoas” foram abatidas e feridas dentro do acampamento. Pontuou, também, que “o Exército impede que as equipes médicas ajudem os feridos”. Esta mesma fonte indicou que 11 pessoas ficaram feridas, sete delas por tiros, incluindo um socorrista.

“Não tem precedentes para esta incursão. Há atiradores nos telhados e forças especiais desdobradas”, declarou Muayad Shaaban, responsável pela Comissão de Resistência aos Assentamentos e ao Muro.

Comida escassa

Segundo moradores, não há mais eletricidade no local e a comida é escassa. Ninguém pode entrar ou sair do acampamento. Enquanto os olhos do mundo se voltam para o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em Gaza, além das tensões com o Irã, esta outra parte do território palestino vê a violência atingir patamares históricos. Desde o início da guerra, em 7 de outubro, ocorreram mais de 700 ataques de colonos judeus na Cisjordânia, com a participação de soldados israelenses em cerca de metade deles, segundo a ONU.

No mesmo período, pelo menos 479 palestinos foram mortos por forças israelenses ou colonos na Cisjordânia, de acordo com a AFP. Conforme dados das Nações Unidas, mais de 1,2 mil pessoas foram forçadas a se deslocar devido à violência na região, incluindo 600 menores.

Um relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) divulgado nessa semana revelou detalhes da situação no local, que já via um aumento da truculência antes mesmo de estourar o conflito na Faixa de Gaza. As informações são da CNN Brasil e do O Globo.

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