Ícone do site Jornal O Sul

Israel é capaz de bombardear as instalações nucleares do Irã? Entenda

Judeus ultraortodoxos inspecionam os destroços do que se acredita ser um míssil iraniano interceptado perto da cidade de Arad, no sul de Israel, em abril. (Foto: Reprodução)

Dois anos atrás, dezenas de caças israelenses sobrevoaram o Mar Mediterrâneo, simulando um ataque às instalações nucleares do Irã, um ensaio que as forças de defesa israelenses anunciaram abertamente como um exercício de “voo de longo alcance, reabastecimento aéreo e ataque a alvos distantes”.

O objetivo do exercício não era simplesmente intimidar os iranianos. Ele também foi projetado para enviar uma mensagem ao governo Biden: a força aérea israelense estava treinando para conduzir a operação sozinha, embora as chances de sucesso fossem muito maiores se os Estados Unidos — com seu arsenal de mísseis “bunker buster” de 13,5 toneladas — participassem do ataque.

Em entrevistas, antigos e atuais funcionários israelenses do alto escalão admitiram ter dúvidas quanto à capacidade do país para causar danos significativos às instalações nucleares do Irã. No entanto, nos dias mais recentes, autoridades do Pentágono têm se perguntado silenciosamente se os israelenses estão se preparando para agir sozinhos, após concluírem que talvez nunca mais tenham um momento como este.

O presidente Biden os alertou contra ataques a instalações nucleares ou de energia, dizendo que qualquer resposta deve ser “proporcional” ao ataque iraniano a Israel na semana passada, essencialmente reconhecendo que algum tipo de contra-ataque seria apropriado. O secretário de Defesa, Lloyd Austin III, foi claro com seu colega israelense, Yoav Gallant, ao expor o desejo dos EUA de evitar que Israel optasse por medidas retaliatórias que resultariam em nova escalada por parte dos iranianos. Gallant deve se encontrar com Austin em Washington na quarta feira.

Bases militares

É provável que a primeira retaliação de Israel contra o Irã pelos ataques de mísseis de terça-feira se concentre em bases militares e, quem sabe, em alguns locais de inteligência ou liderança, dizem as autoridades. Pelo menos inicialmente, parece improvável que Israel vá atrás das joias da coroa do programa nuclear do país. Após considerável debate, esses alvos parecem ter sido reservados para mais tarde, se os iranianos intensificarem seus próprios contra-ataques.

No entanto, há um apelo crescente dentro de Israel, ecoado por alguns nos EUA, defendendo que se aproveite o momento para atrasar — em anos ou mais — uma capacidade iraniana que autoridades de inteligência americanas e especialistas externos dizem estar cada vez mais próxima do limiar de produção de uma bomba. Embora grande parte da discussão pública tenha se concentrado no fato de que o Irã poderia quase certamente aumentar o enriquecimento para produzir urânio da qualidade necessária para uma bomba em questão de semanas, o fato mais relevante é que os engenheiros iranianos levariam meses ou talvez mais de um ano para transformar esse combustível em uma arma acionável.

“Israel tem agora sua melhor oportunidade em 50 anos para mudar a face do Oriente Médio”, Naftali Bennett, um nacionalista linha-dura e ex-primeiro-ministro que certa vez se descreveu como à direita do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, escreveu recentemente nas redes sociais. “Devemos agir *agora* para destruir o programa nuclear do Irã e suas instalações centrais de energia, e paralisar fatalmente esse regime terrorista.”

Ele acrescentou: “Temos a justificativa. Temos as ferramentas. Agora que o Hezbollah e o Hamas estão paralisados, o Irã está exposto”.

Autoridades americanas, começando com Biden, montaram uma campanha para excluir tais ataques das opções, dizendo que eles provavelmente seriam ineficazes e poderiam mergulhar a região em uma guerra em grande escala.

A questão de como atacar o Irã se tornou uma questão de campanha. O ex-presidente Donald Trump argumentou que Israel deveria “atacar primeiro o nuclear e se preocupar com o resto depois”. É uma abordagem que até ele evitou como presidente. No domingo, o deputado Michael Turner, presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, criticou Biden no programa “Face the Nation”, da CBS, dizendo que “é completamente irresponsável o presidente dizer que esta solução não vale, quando ele disse anteriormente que valia”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sair da versão mobile