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Israel sabia do plano de ataque do Hamas, diz The New York Times

O grupo afirmou ainda que 127 pessoas morreram nas últimas 24 horas. (Foto: Reprodução)

O ataque do Hamas, em 7 de outubro, surpreendeu Israel, causando repercussão e especulações sobre o que a inteligência do país sabia sobre a operação. Naquela data, cerca de 1.500 combatentes do grupo palestino atravessarem a fronteira para Israel, matando ao menos 1.200 pessoas e fazendo outras centenas de reféns.

Entretanto, uma reportagem do New York Times afirmou que o Estado de Israel teve acesso ao plano do Hamas para o ataque com mais de um ano de antecedência. O relatório diz que as autoridades israelenses consideraram o plano uma aspiração, ou seja, muito ambicioso, e o consideraram muito complexo para ser executado pelo grupo radical islâmico.

Outros meios de comunicação, incluindo o jornal israelense Haaretz, também noticiaram que Israel saberia do ataque.

Autoridades israelenses obtiveram um documento que descreve o plano de batalha do Hamas para o ataque terrorista de 7 de outubro, mais de um ano antes de o grupo colocá-lo em prática, informou o New York Times na quinta-feira (30), citando documentos, e-mails e entrevistas.

O relatório de cerca de 40 páginas não indicava uma data para o ataque, mas delineava “ponto por ponto” o tipo de incursão que o Hamas realizou em território israelense em outubro, segundo o New York Times, que analisou o documento traduzido.

Oficiais militares e de inteligência de Israel, entretanto, rejeitaram o plano que descobriram, avaliando que seria muito difícil para o Hamas executá-lo, ainda de acordo com o jornal.

O documento, que as autoridades israelenses deram o nome de “Muro de Jericó”, detalhava uma ofensiva que destruiria as fortificações em torno da Faixa de Gaza, dominaria cidades israelenses e teria como alvo bases militares importantes.

Isso foi seguido com precisão pelo Hamas em 7 de outubro, destacou o Times. Nesse dia, combatentes do grupo avançaram através da fronteira de Gaza, no que foi o ataque mais mortal em um único dia contra Israel desde a fundação do país, em 1948.

O ataque foi amplamente visto como uma grande falha da inteligência de Israel. Várias autoridades da Defesa e Segurança assumiram, em parte, a responsabilidade pelos erros que levaram aos ataques.

Mais tarde naquele mês, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu recebeu duras críticas depois de ter acusado os chefes de segurança de não o terem avisado sobre o ataque iminente. A alegação foi feita em uma publicação nas redes sociais, que o premiê apagou depois.

“Pelo contrário, todos os responsáveis da Defesa… avaliaram que o Hamas foi dissuadido”, escreveu Netanyahu à época.

De acordo com o New York Times, o documento “Muro de Jericó” circulou amplamente entre os líderes militares e de inteligência israelenses, mas não ficou claro se Netanyahu ou outros líderes políticos importantes viram o relatório. A inteligência dos Estados Unidos produziu pelo menos duas avaliações, baseadas em parte na inteligência fornecida por Israel, alertando a administração Biden sobre um maior risco de conflito palestino-israelense nas semanas anteriores ao ataque, disseram fontes nos dias após 7 de outubro.

Uma atualização em 28 de setembro alertou, com base em múltiplos fluxos de inteligência, que o Hamas estava preparado para realizar ataques com foguetes através da fronteira.

Um telegrama da CIA, a agência de inteligência dos EUA, em 5 de outubro alertou para a possibilidade crescente de violência por parte do grupo armado.

Depois, em 6 de outubro, um dia antes do ataque, autoridades dos EUA fizeram circular relatórios de Israel indicando atividade incomum por parte do Hamas. Indicações que agora são claras: um ataque era iminente.

Ainda assim, nenhuma das avaliações americanas ofereceu detalhes tácticos ou indicações do enorme alcance, escala e brutalidade da operação que o Hamas realizou em 7 de outubro, ponderam as fontes.

Não está claro se alguma destas análises dos EUA foi compartilhada com Israel, que fornece grande parte da informação que os Estados Unidos baseiam os seus relatórios.

 

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