Quarta-feira, 19 de março de 2025
Por Redação O Sul | 19 de março de 2025
Os manifestantes entraram em confronto com a polícia e tentaram entrar na casa de Netanyahu.
Foto: EBCMilhares de manifestantes protestam do lado de fora da casa do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém nesta quarta-feira (19), após uma grande manifestação em frente ao Parlamento israelense, a Knesset.
Os protestos ocorrem por conta da retomada dos combates na Faixa de Gaza e a tentativa de Netanyahu de demitir Ronen Bar, chefe do Shin Bet, o serviço de Segurança interna de Israel.
Os manifestantes entraram em confronto com a polícia e tentaram entrar na casa de Netanyahu. Os israelenses que participam do protesto acusam Netanyahu de priorizar a sua sobrevivência política em detrimento da volta dos reféns israelenses que seguem na Faixa de Gaza. Ao todo, 59 sequestrados ainda estão no cativeiro do Hamas, mas apenas 24 são considerados vivos.
A manifestação fechou a rodovia principal para Jerusalém durante a manhã, em uma cena que lembrou as manifestações semanais contrárias à reforma do judiciário em Israel. Na época, o governo israelense afirmou que a divisão interna do país havia contribuído para a vulnerabilidade de Israel e encorajado seus inimigos.
Yair Lapid, um dos líderes da oposição de Israel, convocou as pessoas para o protesto em uma publicação nas redes sociais na manhã desta quarta-feira. “A única solução é a unidade, não uma unidade silenciosa, submissa ou falsa, mas a unidade de uma nação inteira se unindo e dizendo: Chega!” Ele acrescentou: “Este é o nosso momento, nosso futuro, nosso país. Vamos para as ruas!”
A manifestação em Jerusalém ocorre após um grande protesto em Tel-Aviv na terça-feira. Cerca de 40 mil pessoas se juntaram às manifestações contra a volta da guerra em Gaza.
Na noite de segunda-feira, Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza após afirmar que o grupo terrorista Hamas não está disposto a seguir negociando a continuidade do cessar-fogo e a libertação de reféns. De acordo com o ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia civis de terroristas, mais de 400 pessoas morreram por conta dos bombardeios.
Netanyahu afirmou que o ataque foi “apenas o começo” e que Israel seguirá com a campanha militar. O Exército de Israel também ordenou o deslocamento da população que mora no leste de Gaza, indicando que Israel poderia iniciar novas incursões terrestres no território.
O retorno aos bombardeios impulsionou Netanyahu politicamente, já que o partido de extrema direita liderado por Itamar Ben-Gvir retornou ao governo com a quebra da trégua. Um alto funcionário do Hamas afirmou à Associated Press (AP) que o retorno de Israel à guerra equivale a uma “sentença de morte” para os reféns israelenses.
Segundo informações do governo israelense, 24 reféns israelenses ainda estão vivos. Por meio de relatos de reféns libertados, famílias de pelo menos 13 sequestrados receberam sinais de vida de seus entes queridos. Alguns reféns apareceram em vídeos publicados pelo Hamas, como Evyatar David e Guy Gilboa-Dalal, que foram levados a “cerimônia” de libertação de outros sequestrados durante a primeira fase da trégua, em um sinal claro de tortura psicológica.
O grupo terrorista também publicou um vídeo de despedida dos irmãos argentinos Eitan e Yair Horn antes da libertação de Yair no dia 15 de fevereiro. A população israelense também protesta contra a possível demissão de Ronen Bar, chefe do Shin Bet. No domingo, Netanyahu anunciou a intenção de demitir Bar por “falta de confiança”. Os dois já discordaram em diversos momentos da guerra em Gaza sobre o futuro do conflito e a estratégia de Israel para o fim da guerra.
“A qualquer momento — especialmente durante uma guerra existencial como esta — deve haver total confiança entre o primeiro-ministro e o diretor do Shin Bet”, disse Netanyahu.
Críticos da medida alegam que Netanyahu está tentando prejudicar a independência do serviço de Segurança Interna de Israel. Em uma carta, Gali Baharav-Miara, a procuradora-geral de Israel, apontou que Netanyahu não tinha permissão nem para começar o processo de demissão até que uma determinação fosse feita sobre a legalidade da medida. Ela disse que havia preocupações de um possível conflito de interesses para Netanyahu na demissão de Bar.
Segundo informações do portal israelense Ynet, Netanyahu deseja realizar uma reunião de seu gabinete nesta quinta-feira (20), para votar a medida. Qualquer decisão de remover o chefe do Shin Bet provavelmente também seria levada à Suprema Corte.