O Itaú Unibanco acusa um ex-diretor financeiro de violar “gravemente o Código de Ética da instituição”. Segundo a direção, foram encontrados “fortes indícios” de que ele era sócio de empresa que fornecia pareceres ao banco – ao menos 23 transferências bancárias foram identificadas desde 2019, em um total de quase R$ 4,9 milhões que pode ter sido direcionado ao então funcionário. O Banco Central foi acionado sobre o caso.
Um dos desdobramentos da possível irregularidade foi a abertura, na última sexta-feira (6), de uma ação judicial para impedir a prescrição de pagamentos que estão para vencer. Trata-se da primeira etapa para uma ação civil de reparação de danos relativos aos valores supostamente desviados.
O então funcionário esteve diretamente vinculado à instituição financeira no período de maio de 2012 a julho de 2024, atuando como diretor nos três últimos anos. Ele deixou o cargo para assumir vaga no Santander – a efetivação precisa aguardar até janeiro, devido ao prazo de carência por ter estado ligado administrativamente ao outro banco, ainda que licenciado.
Após a conclusão das investigações do banco, ele foi desligado da instituição em setembro. O Itaú Unibanco detalhou que o funcionário incorreu “em grave conflito de interesses, transgredindo as regras internas e as leis aplicáveis, usando irregularmente as alçadas do seu cargo”. Diz, ainda, que nos últimos cinco anos, ele “aprovou contratações de pareceres e pagamentos no valor total de R$ 13,2 milhões, dos quais R$ 10,4 milhões entre 2022 e 2024 para empresa ligada ao fornecedor do qual era sócio”.
De acordo com a defesa do ex-colaborador do Itaú Unibanco, as acusações são infundadas. Também ressalta que ele tomará “medidas cabíveis”, também na esfera jurídica.
As acusações de desvio acontecem apenas uma semana depois de o banco ter demitido Eduardo Tracanella, então diretor de marketing, por mau uso do cartão corporativo. Mas os dois casos não estão interligados.
Conforme a inicial da ação ajuizada, o alerta sobre irregularidades foi acionado quando o banco soube de consultorias prestadas pelo então funcionário ainda no período em que estava como administrador licenciado – por causa da já mencionada política de quarentena do banco para se transferir a outras instituições:
“Tal informação gerou alerta de atuação em desconformidade com o Código de Ética do Requerente, dando lugar a apurações internas.”
O banco afirma que já informou o caso às autoridades reguladores (Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários, a CMV) e garantiu tratar-se de uma situação isolada. “Não houve prejuízo relevante à instituição”, acrescentou.