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Itaú processa ex-diretor financeiro e exige devolução de R$ 3,3 milhões

Banco acusa Alexsandro Broedel de organizar "fraude rasteira" para receber 40% de valor repassado a parecerista. (Foto: Divulgação)

O Itaú Unibanco ajuizou uma ação indenizatória contra seu ex-vice-presidente-financeiro (CFO), Alexsandro Broedel, onde pede o ressarcimento de R$ 3,350 milhões. No início de dezembro, o banco havia protocolado uma ação civil pública, quando o caso veio à tona.

O banco acusa o ex-CFO e Eliseu Martins, um dos maiores especialistas em contabilidade do País, após identificar uma sociedade e transferências de recursos entre os dois que teriam beneficiado o agora ex-executivo da instituição financeira.

Uma investigação interna conduzida pelo banco detectou que Broedel teria recebido cerca de R$ 4,86 milhões em pagamentos feitos por Martins e empresas relacionadas a ele – e que o banco concluiu que era uma forma de “rebate” pelos pareceres contábeis contratados pelo Itaú, sob a alçada do ex-CFO.

Na ação indenizatória, além de Broedel e Eliseu constam como inqueridos os filhos do contador, Eric Aversari Martins e Vinicius Aversari Martins, além das consultorias Care Consultores, Evam Consultores Associados e Broedel Consultores Associados.

Na petição, elaborada pelo escritório Bermudes Advogados, o Itaú afirma que apesar do renome de Broedel e Martins, os dois realizaram uma “fraude rasteira”. O documento diz que Martins repassava 40% do que recebia pelos pareceres a Broedel – que como CFO do banco, contratava tais serviços. Isso fez de Martins “o prestador de serviços do Itaú Unibanco que mais foi contratado para a emissão de pareceres na história do banco”.

A ação informa ainda que os atos de Broedel foram descobertos após revisões dos controles internos, feitas depois que o executivo deixou o banco, em meados do ano passado. Broedel saiu do Itaú após aceitar um cargo na diretoria do Grupo Santander, na Espanha, que ele ainda não assumiu devido ao período de transição. O Itaú interrompeu o “garden leave” (período de não-concorrência) do ex-diretor após as descobertas.

Além de trabalhar junto com Broedel, Martins fazia empréstimos recorrentes de recursos ao ex-diretor, de acordo com a defesa do Itaú, fator que reforçaria o suposto conflito de interesse e a violação de normas do banco.

Os advogados do Itaú afirmam que o banco apurou que o ex-executivo tinha situação financeira incompatível com o cargo que exercia. Essa informação toma como base levantamentos feitos junto a serviços de proteção de crédito, e também a bases judiciais públicas.

Outras ações

Eles elencam ações de dois bancos, Bradesco e Safra, que foram à Justiça para cobrar dívidas de Broedel. No primeiro caso, segundo eles, ele admitiu não ter condições de pagar o valor à vista. Em ambos, fechou acordos para quitar os débitos em parcelas. Além disso, a Prefeitura de São Paulo também entrou com processo contra a Broedel Consultores, de natureza fiscal.

Os processos dos dois bancos foram ajuizados em 2022. O processo da Prefeitura contra a Broedel Consultores foi ajuizado em 2023, com suspensão naquele mesmo ano após um pedido de parcelamento por parte da empresa, e retomada no ano passado diante do não-pagamento das parcelas.

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