Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de novembro de 2018
São grandes as chances de que o presidente Michel Temer seja nomeado embaixador do Brasil após deixar encerrar o seu mandato, no começo de janeiro. De acordo com fontes do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores, o emedebista é um forte candidato a assumir a representação diplomática em Roma (Itália), embora o Itamaraty não se pronuncie oficialmente sobre o assunto.
A indicação é tratada como uma “saída honrosa” para o presidente em fim de mandato: afinal, o posto é considerado um dos mais prestigiados do corpo diplomático brasileiro, integrando o imponente Circuito Elizabeth Arden, que inclui as representações de Nova York (Estados Unidos), Londres (Inglaterra) e Paris (França). Atualmente, a embaixada é chefiada por Antonio de Aguiar Patriota, diplomata de carreira e ex-chanceler da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Se confirmada a nomeação, Temer manterá o foro privilegiado. Na avaliação do especialista em relações internacionais Creomar Souza, professor da UCB (Universidade Católica de Brasília), a imunidade dos embaixadores é válida dentro e fora do País.
“O que há em Brasília nesse momento é que figuras políticas que ficaram sem cargos eletivos buscam cargos com os quais mantêm o foro privilegiado. O benefício se estende no Brasil e na Itália, nesse caso. A função de embaixador faria com que o presidente se tornasse uma espécie de ministro a serviço do Brasil”, afirma.
Além disso, a contar pelos últimos acontecimentos, a embaixada do Brasil em Roma terá grande participação no próximo governo. O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), a quem caberá nomear ou não Temer, se encontrou com o embaixador da Itália para definir as questões sobre a possível extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti, acusado de terrorismo na Europa e exilado no Brasil.
História
A embaixada de Roma já foi ocupada por nomes importantes no serviço exterior, como Paulo Tarso Flecha de Lima, cuja esposa, Lúcia Flecha de Lima, engajou-se para restaurar o Palácio Panphili, edificação barroca construída entre 1644 e 1650, na Piazza Navona. Desde a década de 1920, é a sede da embaixada brasileira na Itália, tornando-se propriedade da República brasileira em 1964.
Ao ser restaurado no ano 2000, o palácio foi pintado com a cor que tinha no século 18. O local tem três pátios interiores e 23 salas com afrescos de artistas famosos, como Giacinto Gimignani, Gaspard Dughet, Andrea Camassei, Giacinto Brandi, Francesco Allegrini e Pier Francesco Mola. O pintor barroco Pietro de Cortona é o autor das imagens da longa galeria, executada entre 1651 e 1654 sob um projeto de Francesco Borromini para a “História de Enéas”.
Negativa
A Presidência da República nega que Temer tenha interesse em aceitar um eventual posto na embaixada da Itália ou em qualquer outro posto diplomático. Por meio da assessoria, o Palácio do Planalto disse que não fará outros comentários sobre o assunto. Interlocutores do presidente dizem que há dois inconvenientes na suposta nomeação para um cargo no exterior.
O primeiro é que o atual chefe do executivo federal não se sentiria confortável em responder ao novo governo – condição a qual ele se colocaria como embaixador. A segunda justificativa é que, juridicamente, o presidente acha que não há vantagem em manter o foro privilegiado no âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal). Ministros têm negado pedidos da defesa dele. Por isso, seria mais vantajoso o processo ir para um juiz da primeira instância.