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Colunistas Janeiro Branco: a importância de um olhar mais cuidadoso para a saúde emocional de jovens mulheres

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São várias causas de sofrimento humano e cada pessoa tem as suas próprias dores. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

São várias causas de sofrimento humano e cada pessoa tem, na sua história, as suas próprias dores. Mas, diante do sofrimento de jovens, é importante reconhecer as dores inerentes ao processo de crescimento, como também as alegrias.

Ao falar sobre o crescimento de uma adolescente, as comparações que fazemos não ajudam a compreender a complexidade e a diversidade do processo. A metáfora do desabrochar de uma flor ou a afirmação de que a menina se torna mulher quando se torna mãe (e quando ela menstrua se torna mocinha) são algumas formas comuns de se referir a esse crescimento. No entanto, cada experiência de vida é única. O certo é que uma adolescente está se despedindo da infância. Mas, talvez ela não queira se despedir porque se sente segura e protegida como criança.

Para quem cuida de adolescentes, é importante apontar as alegrias de crescer. O convite ao autocuidado é para que a adolescente consiga saborear o processo de amadurecimento com delicadeza, atenção e honestidade.

O autocuidado se refere a encontrar o próprio ritmo e se nutrir da própria seiva. O que nutre uma pessoa é a seiva que ela mesmo elabora. Somos alquimistas dos nossos processos internos. O autocuidado parte da premissa de que há assuntos que só a própria pessoa pode fazer por ela mesma. Para um crescimento gradual e saudável, a adolescente pode pouco a pouco ser incentivada a reconhecer os seus próprios gostos.

Uma educação para o autocuidado é facilitada quando os cuidadores se cuidam. A pessoa que se cuida tem a autonomia e a organização para viver a sua rotina com satisfação. É sobre fazer as pazes com o tempo, o que é o oposto da sensação de que se deve algo ao mundo e às pessoas. A organização nos ajuda a estabelecer uma relação mais tranquila com o tempo.

Há pessoas com facilidade para criar um senso de organização, mas, em geral, uma adolescente precisa de uma orientação para organizar uma estrutura, algo que se repete todos os dias e a ajuda a priorizar atividades. Um bom treino é arrumar o quarto e o armário. Na vida também arrumamos as nossas ações e relações.

A escola é um compromisso que promove a organização, mas além dele, é bom que a adolescente seja incentivada a buscar um encontro consigo mesma, longe das redes sociais, que dispersam a atenção.

Uma adolescente já tem as suas preocupações, que em geral se referem à própria identificação, aceitação por parte de outras pessoas e dificuldade em confiar em novas parcerias. A mente preocupada com os assuntos externos não favorece o olhar amoroso para nós mesmas.

Há quem diga que o que nos leva adiante e o que nos freia são amor e medo.

Como cuidado é a linguagem do amor, o autocuidado seria o amor-próprio, algo que nos enganamos quando pensamos que será alcançado. É mais honesto falar às adolescentes que o amor-próprio é um sentimento que cultivamos, como uma semente que regamos todos os dias, preparamos o solo para que ela cresça e floresça. É sobre estarmos atentas a cada germinação, flor e fruto. É um processo que não finda e é próprio de estar viva. Ser menos suscetível aos julgamentos de outras pessoas é parte da técnica de cultivo. Uma jardineira é confiante na sua observação, na sua relação com a terra. Como eu acredito que deva ser a educação emocional de uma adolescente: por analogia, a arte de cuidar do seu jardim.

Joana Viana é professora de ciências na prefeitura do Rio de Janeiro, bióloga e pedagoga.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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