A primeira-dama Rosângela Lula da Silva reagiu com uma mensagem de solidariedade à ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) após o vice-presidente nacional do PT, o prefeito de Maricá (RJ) Washington Quaquá, postar uma foto ao lado de familiares de Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, presos no ano passado acusados de mandar matar a vereadora Marielle Franco.
Sem citar Quaquá, Janja escreveu no Instagram, na noite dessa quinta-feira, que “é desrespeitoso com a memória de Marielle Franco e Anderson, e toda a luta de seus familiares por justiça, promover a desinformação nas redes sociais sobre o andamento do caso”.
“Domingos e Chiquinho Brazão, de acordo com a lei, estão presos e aguardando julgamento, pela denúncia da Procuradoria Geral da República de serem os mandantes do assassinato de Marielle e Anderson”, publicou a primeira-dama, junto a uma foto da vereadora assassinada. “À minha amiga @aniellefranco, dona Marinete e toda a família, meu abraço apertado, e meu lamento pelo uso indevido da memória de Marielle”, completou.
Além da imagem publicada ao lado dos familiares Brazão, Quaquá fez um longo texto em defesa dos dois. O petista disse que recebeu “com muita dor no coração, mas muita consideração e solidariedade, a esposa e os filhos de Domingos Brazão”, antes de evocar a suposta inocência do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e do deputado federal.
Segundo o petista, “usaram a família Brazão de bucha de canhão para ocultar, inclusive, o fato de que o assassino brutal (Ronnie Lessa) esteve um dia depois no condomínio onde moram Bolsonaro e seu filho. Isso foi deixado de lado pela investigação!”
Em resposta, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, pediu para Quaquá “tirar o nome da minha irmã da boca” e disse que vai acionar a Comissão de Ética do partido. Além de Anielle, que se filiou ao PT em 2024, a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, se manifestou e repudiou os comentários do dirigente, chamando o posicionamento de Quaquá de “exclusivamente pessoal”.
Questionado sobre os posicionamentos de Janja e Anielle após a publicação, Quaquá disse que não se manifestaria sobre a resposta dada pela primeira-dama por respeito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sobre a ministra da Igualdade Racial, o vice-presidente do PT disse: “se há alguém na esquerda que usa a morte da Marielle não sou eu”.
“Eu só acho que em respeito a memória de uma vereadora, negra, de esquerda, que foi brutalmente assassinada, devíamos ir a fundo em busca da verdade. Também não deixar que o assassino tenha regalias e redução de pena por conta de uma delação sem provas”, disse Quaquá.
Racha no PT
O posicionamento de Quaquá em defesa dos Brazão causou uma racha nos quadros petistas, que defendem diferentes punições ao dirigente. Uma ala, liderada pelo secretário-executivo do Foro de São Paulo Valter Pomar, defende a expulsão do prefeito da legenda. Há também aqueles que preferem o afastamento dele da vice-presidência do partido e os que acham que ele não deve ser punido.
Segundo interlocutores do PT, uma análise do caso pela comissão de ética do PT, acionada por Anielle, precisa ser avalizada pela maioria do diretório nacional e costuma ser demorada. O partido terá eleições internas em julho, que vai renovar a sua direção.
Quaquá chamou Pomar de “imbecil” e “dinossauro soviético”. O vice-presidente também afirmou que o PT é um partido democrático que aceita posições divergentes dos filiados.