O japonês Takeshi Ebisawa, de 57 anos, preso nesta semana foi identificado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como um dos chefe da Yakuza, o crime organizado do Japão. Ele é apontado como uma das cabeças de um esquema que visava a traficar drogas para dentro dos Estados Unidos. O plano da quadrilha de Ebisawa envolvia venda de armamentos pesados, como lança-mísseis, para grupos rebeldes em Mianmar, em troca de carregamentos de metanfetamina e heroína.
As autoridades americanas acompanhavam os passos do grupo de Takeshi Ebisawa desde junho de 2019. Além do mafioso japonês, foram presos também Somphop Singhasiri, Suksan Jullanan e Sompak Rukrasaranee. As atividades do grupo envolviam também países como Japão, Tailândia, Sri Lanka, Dinamarca.
Se forem considerados culpados pela Justiça americana, os membros do grupo podem ser condenados à prisão perpétua.
As poucas informações existentes acerca de Ebisawa estão no relato do agente da Departamento de Fiscalização de Drogas (DEA), dos Estados Unidos, que se infiltrou no grupo do japonês para investigá-lo.
O primeiro contato do agente com Ebisawa foi feito em junho de 2019, em Tóquio, quando o informante pago do DEA encontrou-se com o japonês. Ebisawa teria dito ao homem, um ex-detento que cooperava com as autoridades desde 2016, que grupos rebeldes de Miammar tinham interesse em adquirir armamentos pesados. Em troca, o pagamento seria feito em carregamentos de droga.
Ebisawa e o informante se encontram nos meses seguintes, quando continuaram a discutir os detalhes das transações ilegais. Em reuniões entre setembro e novembro daquele mesmo ano, ocorridas em Bangkok, na Tailândia, e Bali, na Indonésia, os homens usaram palavras como ‘bambu’ para se referirem aos explosivos e armas de fogo que negociavam.
Ao longo dos meses seguintes, as negociações avançaram, até que a pandemia de Covid-19 impôs uma pausa nos planos de levar os carregamentos de heroína e metanfetamina até os EUA. Em meados de 2021, as negociações foram retomadas através de aplicativos como Whatsapp, Signal e Telegram.
As armas, que incluíam os lança-mísseis Stinger, seriam fornecidas para grupos armados de Mianmar como o Exército de Libertação Nacional Karen e o Exército do Estado Shan, guerrilhas de base étnica que se opõem ao governo do país. Takeshi Ebisawa foi a Copenhague, na Dinamarca, ver exemplares das armas que seriam dadas aos grupos em troca de drogas.
Uma lista dos armamentos pedidos por Ebisawa para serem fornecidos aos grupos de Mianmar em troca de drogas foi anexado ao mandado de prisão divulgado pelo Departamento de Justiça.
O cerco se fechou sobre o grupo de Ebisawa quando evidências de lavagem de dinheiro foram coletadas pelos agentes americanos. O mandado de prisão da gangue foi assinado pela juíza Sarah L. Cave no dia 19 de janeiro de 2022. A prisão do grupo foi realizada na segunda-feira passada.