Por Redação O Sul | 27 de janeiro de 2025
Jennifer Lopez foi ao Festival de Sundance neste fim de semana apresentar a nova versão de Hollywood para “O beijo da Mulher-Aranha”, filme inspirado na obra de Manuel Puig que rendeu indicações ao Oscar para Hector Babenco em 1986. A versão musical dirigida por Bill Condon foi recebida com aplausos no Eccles Theatre, em Park City, Utah.
A nova versão adapta o musical da Broadway de 1993, vencedor de sete prêmios Tony, incluindo Melhor Musical. O elenco traz Tonatiuh (“Bagagem de risco”) no papel de Luis Molina, um homossexual preso por “corrupção de menores”, e Diego Luna (“Rogue One”, “Andor”) como o revolucionário Valentin Arregui. Na trama, ambos estão presos durante o período da chamada “Guerra Suja”, na ditadura militar argenina.
Na versão de 1985, filmada pelo diretor argentino radicado no Brasil e Hector Babenco (1946-2016), William Hurt interpretava Molina e Raul Julia, Arregui, com a trama adaptada para São Paulo, durante a ditadura brasileira. Na história, Molina descreve para Arregui o seu filme preferido, um suspense romântico alemão do período da Segunda Guerra Mundial, para distraí-lo da prisão e da tortura. Nos pensamentos de Arregui, Sonia Braga surgia tanto como Leni, personagem do filme narrado, como sua ex-companheira, Marta.
Além de Sonia Braga, havia a participação de vários atores brasileiros no elenco de apoio, como José Lewgoy, Milton Gonçalves, Miriam Pires, Nuno Leal Maia, Fernando Torres e Herson Capri. No Oscar de 1986, William Hurt conquistou o troféu de ator pelo longa. O longa-metragem ainda indicado a melhor roteiro adaptado (para Leonard Schrader), diretor (Babenco) e melhor filme.
Um clássico reimaginado
O filme marco o retorno de Bill Condon a Sundance desde “Deuses e monstros” (1998). Conhecido por trabalhos como “”Chicago”, “Dreamgirls”, e o remake de “A bela e a fera” da Disney, Condon declarou que sonhava em realizar o longa há anos: “O beijo da Mulher-Aranha” é uma história que quis contar minha vida inteira”.
Na coletiva após a exibição, Jennifer Lopez confessou à Variety que estar num musical realizou um sonho que trazia desde a infância:
– Minha mãe me colocava na frente da TV para assistir a “West Side story’”, aquilo me hipnotizou. Hoje, sinto que finalmente consegui realizar esse sonho.
Em seu discurso de apresentação, Condon destacou a necessidade de superar divisões e promover o amor e a gentileza como respostas às tensões sociais contemporâneas. Tonatiuh, que faz sua estreia em um papel de destaque, trouxe uma perspectiva pessoal ao filme:
– Crescendo como um garoto latino, fem e queer, lutei muito para me aceitar em uma cultura que não valorizava isso – afirmou, descrevendo a experiência de interpretar Molina como transformadora.
– Conheci essa pessoa espiritualmente. Ela me ajudou a ver que mesmo aqueles que se sentem perdedores em suas próprias vidas podem ser seus próprios heróis.
Condon também discutiu a dimensão política do filme, citando a polarização em torno dos direitos LGBTQIAPN+.
– Por anos, pessoas trans e queer foram alvo das guerras culturais. Este filme é uma promessa de que, de alguma forma, podemos superar isso e nos ver como indivíduos – disse o diretor. As informações são do portal O Globo.
