Quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de julho de 2024
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesse domingo (21) que renuncia a se candidatar à reeleição após semanas de especulações sobre sua capacidade física e agilidade mental. A decisão dramática e anunciada de última hora visa encontrar um novo candidato capaz de impedir o ex-presidente Donald Trump de retornar à Casa Branca.
“Tem sido a maior honra da minha vida servir como seu Presidente”, disse ele em uma carta publicada nas redes sociais. “E, embora minha intenção tenha sido buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como Presidente pelo restante do meu mandato.”
Na sequência, em outra publicação, Biden demonstrou apoiar a possível candidatura da atual vice-presidente Kamala Harris. “Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas: é hora de nos unirmos para derrotar Trump. Vamos fazer isso”, escreveu. Minutos mais tarde, Biden pediu doações para a campanha de Kamala.
Após o anúncio de Biden, Trump descreveu Biden como sendo “de longe o pior presidente da História do nosso país”. A declaração foi dada à CNN, por telefone. E, embora ainda não esteja definido quem será o candidato democrata, o ex-presidente republicano disse acreditar que a vice-presidente Kamala Harris será mais fácil de derrotar do que Biden teria sido.
Donald Trump também usou seu perfil numa rede social para criticar Joe Biden. Na mensagem, ele o chamou de “corrupto”, e disse que “Biden não estava apto para concorrer à Presidência e certamente não está apto para servir”. Segundo Trump, o atual presidente chegou ao cargo “através de mentiras, fake news”.
Disputa abreviada
A decisão de Biden abre espaço para uma intensa e abreviada disputa para formar a nova chapa democrata. Esta é a primeira vez em gerações que uma nomeação será decidida em uma convenção em vez das primárias.
Biden permanece como chefe de Estado e ainda planeja concluir seu mandato em janeiro, mas a transição da campanha para quem for escolhido representará uma mudança geracional na liderança do Partido Democrata. O eventual candidato terá pouco mais de 75 dias após a convenção do próximo mês para consolidar o apoio dos democratas, se estabelecer como um líder nacional credível e argumentar contra o ex-presidente republicano na campanha.
Biden, de 81 anos, anunciou sua retirada após um desempenho considerado desastroso no debate contra Trump no mês passado. A ocasião solidificou as preocupações públicas sobre sua idade e desencadeou o pânico generalizado entre os democratas, que duvidavam de sua capacidade de impedir o retorno do ex-presidente à Casa Branca. Líderes congressionais democratas, aterrorizados pelos números desastrosos das pesquisas, pressionaram Biden a abandonar a disputa.
Sem precedentes
Nenhum chefe de Estado em exercício nos EUA desistiu de uma corrida presidencial tão tarde no ciclo eleitoral na História americana. Kamala e quaisquer outros candidatos à nomeação terão apenas algumas semanas para conquistar o apoio dos quase 4 mil delegados à Convenção Nacional Democrata.
A campanha de Biden para um segundo mandato desmoronou de forma rápida e surpreendente após os principais nomes do partido concluírem que ele seria incapaz de derrotar Trump em novembro. Durante o debate contra o ex-presidente, o atual mandatário, que já é o presidente mais velho da História americana, parecia frágil, hesitante e confuso, perdendo oportunidades de argumentar contra Trump.
Embora o republicano de 78 anos seja apenas um pouco mais jovem que Biden, ele pareceu enérgico no debate (ainda que tenha feito repetidas declarações falsas e enganosas). Questionamentos sobre o declínio cognitivo do ex-presidente também foram levantados, já que ele frequentemente também divaga em entrevistas e comícios e confunde nomes, datas e fatos.
A idade de Biden já era uma preocupação dos eleitores muito antes do debate. Pesquisas eleitorais indicavam que a maioria dos democratas disse há mais de um ano que consideravam o atual presidente velho demais para o cargo. Nascido durante a Segunda Guerra Mundial e eleito para o Senado pela primeira vez em 1972, antes de dois terços dos americanos de hoje terem nascido, Biden teria 86 anos ao final de um segundo mandato.
O democrata sempre afirmou que sua experiência era uma vantagem — e sustentava que era o candidato mais apto a derrotar Trump, dado que já o fez em 2020. Mas seus esforços para tranquilizar os aliados de que estava preparado para a tarefa falharam em obter apoio. Em vez disso, sua lentidão em se aproximar dos líderes do partido e algumas das respostas que deu em entrevistas só alimentaram o descontentamento interno.