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Colunistas Jogatina: Brasil em transe

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(Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

De repente, não mais que de repente, o Brasil amanheceu atulhado de casas de apostas. Calcula-se que já existem 2.200 espalhadas pelo país. Já chamam de Fejoapa – o festival de jogatina que assola o País.

Faz muito tempo que se discute a regulação dos jogos de azar no Brasil – desde o dia em que a mulher do então presidente Eurico Gaspar Dutra exigiu o fechamento dos cassinos que existiam no país até a década de 40. Não creio que a proibição tenha tornado o Brasil melhor ou pior.

Havia a forte oposição da Igreja Católica e um certo moralismo que sempre marcou presença entre nós. Assim, os primeiros movimentos para reabertura eram tímidos, mal saíam das discussões iniciais, Não prosperaram até que o presidente Michel Temer bancou a legalização.

Era para o governo Bolsonaro propor uma regulamentação da lei, consideradas as complexidades do assunto, tomados em conta os perigos que poderiam advir do jogo: lavagem de dinheiro, o vício que pode devastar as famílias, sobretudo as mais vulneráveis. Bolsonaro, ou porque era contra, ou porque não gostava do batente, deixou para lá.

Mas também se levaram em conta as notórias vantagens; a capacidade do setor de gerar empregos e de gerar novas receitas públicas.

O fato é que o governo atual, fiel ao seu instinto de raspar até o fundo todos os tachos, estimulado pela possibilidade de gerar caixa , abandonou os escrúpulos que Lula e o PT um dia tiveram em relação aos jogos de azar, e abraçaram a causa da regulamentação.

Mas o Congresso é o ambiente em que transitam todos os lobbies, os interesses mais predatórios. Viram no projeto uma oportunidade de negócio, por assim dizer. Na regulamentação inseriram os indefectíveis jabutis, inserções mal disfarçadas para acomodar interesses, estender benefícios, em geral (ou sempre) para prejuízo do Estado, da coletividade. Razões republicanas não passam perto de jabutis.

Assim, se escancaram as portas das apostas on-line com acréscimos que não estavam no plano original, e reduziram-se as exigências, permitindo, por exemplo, fazer apostas com cartão de crédito. No mundo aberto e claro e no mundo dos becos escuros se mobilizaram todos os atores, os mocinhos e os vilões. Estes últimos em maioria.

O efeito é devastador. Cerca de 30% dos brasileiros que têm contas bancárias tomam empréstimos para pagar as “bets” de aposta; adolescentes se endividam com agiotas para apostar ; em agosto, cinco milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$-3 bilhões de reais em apostas.

Divulgados os efeitos deletérios da “lambança apostativa”, todos estão perplexos, senão em pânico, para encontrar soluções, reduzir os danos da verdadeira epidemia.

Uma medida prevista é a proibição do uso de cartões de crédito para apostas. Outra, é não permitir que os recursos do Bolsa Família sejam usados na jogatina. Talvez reduzir a publicidade das bets, incluindo avisos inibidores como no caso dos cigarros e das bebidas.

A fome como que os brasileiros se lançaram na ilusão de ganhos em jogos e apostas nos apequena. É preciso ser muito distraído para desconhecer que no mundo da jogatina quem ganha sempre é a casa.

(titoguarniere@terra.com.br)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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