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Jogos de futebol poderão ter tempo de duração encurtado

Fifa entende que torcedor não consegue mais ficar 90 minutos diante de uma TV para ver futebol. (Foto: Fifa/Divulgação)

Já faz algum tempo que a Fifa entende que as pessoas não conseguem mais ficar 90 minutos diante de uma TV para ver uma partida de futebol. Na velocidade do mundo moderno, 90 minutos imóvel em um sofá de olho em uma bola e em 22 jogadores parece uma eternidade. Por isso, é do entendimento de muitos dirigentes da entidade que o tempo do jogo deve ser reduzido. O formato 45 mais 45, com 15 de intervalo, pode estar com seus dias contados.

Os 90 minutos foram regulamentados em 1877, segundo estudiosos do assunto. A Fifa entende o futebol como criação a partir de 1863, com a fundação da The Football Association, na Inglaterra. No Brasil, coube a Charles Miller trazer uma bola após estudos na Inglaterra em 1894 para o futebol se desenvolver no País. Corria-se menos em campo naquela época. O jogo acelerou e atualmente os jogadores correm até 14km por partida. Na década de 1980, eles corriam 7km. Alguns, nem isso. O fato é que desde então, o torcedor se acostumou com o tempo de uma partida, que virou nome de programa esportivo e até letra de música de Milton Nascimento, por exemplo.

Nunca se mexeu com ele. Os 90 eram sagrados. Agora, a Fifa autoriza os colaboradores da entidade que estuda as regras do futebol a colocar a mão neste vespeiro.

De tempos em tempos, a Fifa tenta manter a popularidade do futebol, o esporte mais acompanhado do planeta. Estima-se que 270 milhões de pessoas pratiquem a modalidade pelo mundo. A Fifa tem mais de 200 países afiliados que se divertem com o futebol. Mas, para muitos, o futebol é muito mais do que diversão. É uma paixão avassaladora. A Fifa informou que a final da Copa do Mundo do Catar, entre Argentina e França, vencida pelo time de Messi, teve 1,5 bilhão de telespectadores. É nisso que ela quer mexer.

Regras do impedimento e do posicionamento dos goleiros em pênaltis também serão analisadas. A última grande iniciativa das regras foi a introdução do árbitro do vídeo, o VAR, que funciona bem em algumas partes do mundo, mas que ainda carece de melhor entendimento e rapidez no futebol brasileiro. Há por aqui muitas críticas ao VAR.

Outra matéria de estudos da International Football Association Board (Ifab) é parar o relógio quando a bola não estiver em jogo, a exemplo do que acontece com o basquete. Toda vez que a bola estiver fora de jogo, o cronômetro pararia, de modo a fazer com que a partida de futebol tenha um tempo concreto e real de disputa. Na visão da Fifa, isso até poderia tornar o jogo em si mais longo do que os 90 minutos, mas as paradas poderiam fazer com que o torcedor diante da TV pudesse fazer outras coisas enquanto espera a volta do jogo. A atenção do torcedor não seria contínua e esse formato daria a ele a chance de fazer outras.

Já foi ventilado em tempos atrás pela mídia britânica que o jogo de futebol poderia ter dois tempos de 30 minutos e um intervalo menor do que os 15 minutos tradicionais. Isso tornaria, na visão dos que estudam o tema, a partida mais dinâmica.

Os argumentos para mexer no tempo de jogo são polêmicos. Implicaria também nos preços dos ingressos e na condição física do jogador. Atualmente, jogadores com mais de 30 anos têm dificuldades para atuar no mesmo nível do primeiro minuto ao minuto 90, com muito desgaste físico e de concentração. Toda a preparação física dos atletas também passaria por uma remodelagem. O torcedor paga um valor pelo ingresso de um jogo que ele sabe vai durar 90 minutos. Quando se tira esse tempo, ele pode entender que o valor das entradas também deveria ser reduzido. Isso mexeria diretamente nas rendas dos clubes do mundo inteiro.

Sobre o impedimento, a notícia é melhor, porque ela daria mais possibilidade aos atacantes e menos aos zagueiros. Eles só ficariam impedidos se todo o seu corpo estivesse efetivamente à frente do marcador e não como é atualmente, com partes do corpo justificando a posição irregular. A Fifa trabalha nesse sentido para ter mais gols nos jogos.

Por ora, tudo é matéria de estudo. Os assuntos serão discutidos e rediscutidos até uma aprovação ou não. Em caso de aprovação, a Fifa faria testes em torneios menores para saber o comportamento das partes envolvidas, seus ganhos e perdas em relação ao futebol como ele é jogado. Nada, portanto, é para agora. Qualquer novidade só aconteceria, se acontecer, no meio da temporada passada.

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