Segunda-feira, 10 de março de 2025
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2024
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro evitou comentar o indiciamento pela Polícia Federal de seu marido, Jair Bolsonaro (PL), e outros 11 aliados no caso das joias sauditas. Ao ser questionada pela imprensa após o fim da CPAC Brasil, respondeu: “Que joias? Você tem que perguntar para quem ficou com as joias. Eu não sei de nada”, disse ela.
Apontada ao longo da investigação como destinatária das joias que deram início à investigação que atingiu o ex-presidente, Michelle Bolsonaro não foi indiciada pela Polícia Federal no inquérito sobre a suposta apropriação e venda ilegal de itens que faziam parte do acervo presidencial.
O ex-presidente também foi questionado e preferiu desconversar: “Indiciamento da PF? Eu falo ao vivo com a TV Globo”, respondeu Bolsonaro. Ele discursou duas vezes ao longo do dia, mas evitou o assunto, dizendo apenas que a imprensa não iria desgastá-lo. Nas falas, ex-chefe do Executivo se limitou a dizer que está disponível para uma sabatina de duas horas na televisão para responder sobre qualquer assunto. No segundo pronunciamento afirmou que, apesar de ser alvo da PF, “não vai recuar”.
A PF indiciou Bolsonaro na quinta-feira, 4, pelos supostos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso das joias sauditas. O relatório foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que agora pedirá à Procuradoria-Geral da República (PGR) para se manifestar sobre as conclusões da PF. Caberá à PGR decidir se apresenta uma denúncia contra Bolsonaro e outros 11 aliados também indiciados.
Segundo o relatório policial, o ex-presidente e seus correligionários “atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente para posteriormente serem vendidos no exterior”.
Caso das joias
A apuração teve início com a notícia de que um ex-assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque tentou entrar no país com um conjunto de joias sauditas que seriam um presente à então primeira-dama, sem declará-los à Receita. O kit da marca Chopard era composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes, e foi avaliado por peritos da PF em R$ 5 milhões. Os objetos deveriam ter sido incorporados ao patrimônio da União.
Indiciado pela PF, Bolsonaro optou por ficar em silêncio quando foi chamado a depor. Em outras ocasiões, ele negou ter ordenado a venda de joias, disse que não pediu ou recebeu presentes e reiterou que não há “qualquer ilegalidade”.
A PF não indiciou Michelle diante da ausência de provas de que ela tinha conhecimento sobre as negociações envolvendo as joias que chegaram a ser vendidas, como um kit saudita avaliado em US$ 500 mil que inclui um relógio da marca Rolex de ouro branco cravejado de diamantes.
A ex-primeira-dama negou inicialmente ter conhecido de qualquer conjunto de joias. Durante a apuração, no entanto, após depoimento de uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) da Presidência, Michelle admitiu que um kit de joias masculinas dado de presente pela Arábia Saudita foi entregue no Palácio da Alvorada, mas negou que tivesse recebido os acessórios em mãos. O estojo continha uma caneta, um anel, um relógio, um par de abotoaduras e um rosário árabe chamado “masbaha”.
Os itens, também da marca Chopard, foram devolvidos pela defesa do ex-presidente após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU). O conjunto ficou guardado no cofre do Ministério de Minas e Energia por mais de um ano, até chegar ao acervo da Presidência da República.