Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de janeiro de 2025
“Ainda estou aqui” chega aos cinemas da França nesta quarta-feira (15). O lançamento, que abrange 200 salas, vem repleto de expectativas no país, uma vez que o longa brasileiro é apontado como principal rival do francês “Emilia Pérez” na corrida pelo Oscar de melhor longa internacional. O filme de Jacques Audiard bateu o brasileiro no Globo de Ouro na categoria.
Historicamente, a França costuma recepcionar bem os trabalhos de Walter Salles, que por inúmeras vezes apresentou obras no Festival de Cannes. As indicações para o Oscar serão divulgadas em 23 de janeiro, com a cerimônia marcada para 2 de março.
Com o título local de “Je suis toujours là”, o filme de Walter Salles foi bem recepcionado no país, colecionando uma série de críticas positivas. “Doze anos após seu último filme, Walter Salles narra com força e emoção o luto impossível que atingiu os Paiva”, escreveu o Libération. Já a tradicional Cahiers du Cinéma escreveu: “Um filme realizado com sutileza, que reafirma a necessidade da transmissão”.
Enquanto o Le Figaro destacou que o filme retratou “uma cativante e poderosa narrativa histórica”, o Positif resumiu: “Um filme ao mesmo tempo intimista e universal”. A revista Le Nouvel Obs escreveu: “O melhor filme de Walter Salles. Uma obra sobre a memória, sóbria e intimista, atravessada pelos fantasmas dos desaparecidos.”
A revista Telerama foi mais uma a se render ao trabalho da atriz brasileira vencedora do Globo de Ouro na categoria de melhor atriz em filme dramático: “Fernanda Torres está extraordinária”. Mas a performance da filha de Fernanda Montenegro não foi unanimidade na França.
Monocórdica
Entre as grandes publicações, o único que destoou foi crítico Jacques Mandelbaum, do Le Monde. Ele contestou a “concentração melodramática” no personagem de Eunice Paiva (mãe de Marcelo Rubens Paiva, autor do livro homônimo em que o filme se baseia. Além disso, acrescenta que interpretação de Fernanda Torres, que vive a personagem, é “um tanto monocórdica”.
O autor ainda comparou o trabalho de Fernanda com o de Sônia Braga em Aquarius, alegando que as duas personagens beiram uma representação religiosa demais do sofrimento. O texto também criticou o foco na figura de Eunice Paiva, que fez, na visão do comentarista, o longa “passar com um traço leve demais pela compreensão do mecanismo totalitário”.
Sobre o filme
Grande sucesso de bilheteria e crítica do cinema nacional, com 3 milhões de espectadores e selecionado para mais de 50 festivais pelo mundo, “Ainda Estou Aqui” revive a história real de Eunice Paiva, advogada e mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva. Eunice passou 40 anos procurando a verdade sobre Rubens (interpretado por Selton Mello), seu marido desaparecido em 1971, durante a ditadura militar no Brasil.