Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2015
Em depoimento à Polícia Federal, o executivo Júlio Camargo, da japonesa Toyo Setal, afirmou que o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) atuou junto ao ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli e sinalizou entrada no governo da Venezuela para tratar de interesses da empresa.
Um dos delatores do esquema de corrupção na estatal, o executivo, no entanto, negou o pagamento de propina ao petista e também ressaltou que, apesar das investidas de Dirceu, a empresa não teve interesses atendidos. Camargo afirmou que procurou Dirceu após ser informado que a Petrobras iria alterar um modelo de contratação que beneficiava a empresa e tentou “manter os moldes” em que a Toyo era contratada pela Petrobras.
Na fala, ele conta que Dirceu disse ter feito “gestão junto a Gabrielli” no sentido de entender por qual razão a Petrobras iria mudar a sistemática. Mesmo com a tratativa do ex-ministro, o modelo foi alterado pela estatal. Dirceu não teria dito, de acordo com ele, se manteve contato com outras pessoas sobre o caso.
Camargo revelou ainda que, em outro momento procurou Dirceu para solicitar que o ex-ministro intervisse junto ao governo da Venezuela para tentar resolver problemas na execução de contratos da empresa com o País. À Polícia Federal, o executivo relatou que Dirceu indicou que conseguiria a “entrada” da Toyo com o presidente da PDVSA, estatal venezuelana de petróleo, mas o comando da japonesa não o autorizou as negociações.
Camargo contou que teve cerca de 20 encontros com Dirceu, em seu escritório ou em sua residência, e que o conheceu em uma festa, quando o petista já tinha deixado o governo Lula. O delator afirmou que “nunca ofereceu vantagens” ao ex-ministro e que, em um aniversário, deu uma garrafa de uísque e outra de vinho ao petista e que autorizou diversas viagens do ex-chefe da Casa Civil em seu avião. Camargo reafirmou que fez doações ao PT.
Para a defesa do petista, o depoimento não traz nenhum ato irregular dele, uma vez que ele não estava no governo e ainda porque as tratativas não tiveram resultado. O ex-ministro é investigado na Justiça Federal do Paraná por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.