Um jovem de 16 anos sofreu um dano cerebral irreversível após tomar um shake de proteínas, no Reino Unidos. Os pais de Rohan Godhania esperavam que o suplemento auxiliasse no desenvolvimento dos músculos do filho para que ele conseguisse melhorar a postura. No entanto, o consumo do produto fez uma rara doença genética se manifestar no organismo do garoto, que foi levado a um hospital de Londres, mas acabou morrendo três dias depois.
O caso ocorreu em agosto de 2020, mas só nesta semana começou o julgamento sobre a morte dele. A causa da morte só foi descoberta após a pessoa que recebeu o fígado de Rohan Godhania começar a ter convulsões. Os órgãos do jovem havia sido doados antes da descoberta da correlação do shake com o dano cerebral causado.
“Nós nos sentimos pressionados a doar os órgãos do nosso filho sem saber como ele havia morrido. E então eles [os órgãos] deixaram mais uma pessoa doente”, disseram Pushpa e Hitendra Godhania, pais do jovem morto, ao “MyLondon News”.
De acordo com o “Daily Mail”, um processo aberto num tribunal de Buckinghamshire mostrou que um exame realizado logo após a morte não conseguiu identificar a causa da morte. Só depois foi revelado que o jovem tinha deficiência de ornitina transcarbamilase (OTC), o que impede a quebra da amônia por enzimas no organismo e faz com que ela atinja níveis letais na corrente sanguínea.
O efeito pode ser desencadeado pelo consumo de proteína, de acordo com as informações do processo. A família diz que o hospital em que ele ficou internado não testou os níveis de amônia no sangue do rapaz. Especialistas ouvidos pelo tribunal apontaram que um teste desse tipo poderia ter identificado o distúrbio no ciclo da ureia, otimizado o tratamento e, possivelmente, ter salvado a vida de Godhania.
Uma das testemunhas do processo, o legista Tom Osborne afirmou que alertas sobre saúde deveriam ser estampados nas embalagens de shakes de proteínas.
“Em relação a essas bebidas proteicas, minha visão preliminar sobre elas é que eu deveria escrever para uma das autoridades reguladoras que algum tipo de aviso deveria ser colocado na embalagem dessas bebidas porque, embora OTC seja uma rara condição, pode ter efeitos nocivos se alguém beber [um shake] e causar um pico de proteína”, afirmou Osborne, segundo a BBC.
Os especialistas também criticaram o fato de Godhania não ter sido encaminhado para um equipe neurológica pediátrica. O hospital West Middlesex o havia classificado como um paciente adulto.