A Polícia apura a morte de uma jovem, de 21 anos, que faleceu em um hospital após ser estuprada por um dos técnicos de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva. Segundo a ocorrência, a vítima deu entrada na UTI por ter problemas com crises convulsivas. No dia 16 deste mês ela teria sofrido uma destas crises e, por essa razão, foi hospitalizada no Hospital Goiânia Leste, na cidade de Goiânia. Em decorrência das crises, ela precisou ser amarrada nas guardas da cama. Na segunda noite de internação, câmeras de segurança registraram o momento que um homem entrou no quarto da paciente, e, no local, abusou sexualmente dela durante mais de uma hora.
Devido as altas dosagens de medicação, a jovem estava parcialmente dopada, mas tinha alguns lapsos de consciência. Em alguns desses momentos, ela percebeu o que estava acontecendo e tentou reagir, mas, em consequência das amarras, não conseguiu se defender. De acordo com a polícia, a vítima teria relatado o abuso para uma das enfermeiras do turno da manhã, que registrou uma queixa na delegacia no dia 21 de maio. Quando os responsáveis foram até o hospital apurar os fatos, tanto a enfermeira quanto o abusador já tinham sido demitidos. A administração do local forneceu as imagens das câmeras de segurança do leito.
O caso permaneceu em sigilo, e, dias depois, a jovem precisou ser entubada, por estar mais agitada que o normal. No último domingo (26), ela faleceu após contrair uma infecção que se agravou e desencadeou uma forte pneumonia. Até o momento, a família não havia sido informada sobre o acontecido. A empresa que atua no hospital liberou uma nota a respeito do ocorrido, em que relatou não ter comunicado os familiares, pois a Polícia Civil solicitou sigilo enquanto as investigações estivessem em andamento. No texto, também foi declarado que, assim que fora tomado conhecimento do ato, o suspeito foi imediatamente afastado da sua função, mas que “a causa da morte da paciente, em 26/05/2019, não possui qualquer relação com os tristes fatos ocorridos”. Quanto a última informação, a delegada responsável pelo caso, Paula Meotti, não descarta a possibilidade de que o quadro da jovem tenha piorado em consequência do trauma.
O suspeito foi preso na última quarta-feira (29). Em sua defesa, o homem, de 41 anos, afirma estar realizando procedimentos do cotidiano na jovem. De acordo com o hospital, fazia pouco mais de um ano que ele havia sido contratado.
Leia a nota da UTI do Hospital Goiânia Leste:
“No dia 17 de maio de 2019, os responsáveis pela UTI do Hospital Goiânia Leste receberam a denúncia de abuso sexual da paciente de 21 anos por meio de uma das técnicas de enfermagem da equipe. No mesmo momento, a direção tomou as primeiras medidas com o objetivo de proteger a paciente e investigar o ocorrido.
O técnico de enfermagem acusado pela paciente foi imediatamente suspenso e afastado da sua função. Um boletim de ocorrência com a denúncia foi registrado pelos responsáveis da UTI na Delegacia da Mulher, no dia 21/05/2019 e o funcionário foi demitido por justa causa nesse mesmo no dia. Posteriormente, também por iniciativa da empresa de UTI, o vídeo que mostra o suposto assédio do ex-funcionário, consistente num possível toque nas partes íntimas da paciente, também foi entregue à delegada responsável pelo caso. Cada um dos 20 leitos geridos pela UTI possui câmera individualizada, que funciona e grava toda a movimentação da UTI, 24 horas por dia. Ao ex-funcionário foi dada a oportunidade de ver as imagens, o que foi recusado por ele.
Além de ter tomado as medidas necessárias sobre a denúncia, coube aos diretores da empresa de UTI comunicar aos pais da paciente sobre o fato e sobre as medidas já tomadas. Esclarece, por fim, que a causa da morte da paciente, em 26/05/2019, não possui qualquer relação com os tristes fatos ocorridos. A empresa está à disposição das autoridades para fornecer qualquer informação adicional que possa ajudar na investigação da denúncia”.