Um jovem de 18 anos morreu na noite dessa sexta-feira (27) após ser atingido por um tiro em uma manifestação na cidade de San Cristóbal, no oeste da Venezuela, aumentando para 109 o número de mortes em quase quatro meses de protestos no país, informou a Promotoria. As informações são da agência EFE.
“Gustavo Villamizar recebeu um tiro quando se encontrava em uma manifestação nas imediações do Liceu Alberto Adriani”, informou na sua conta do Twitter a Promotoria Geral da Venezuela, ao anunciar uma investigação sobre o caso.
Várias pessoas morreram em todo o país em episódios violentos e confrontos entre manifestantes e forças de segurança nos últimos dias, especialmente durante a greve geral de 48 horas convocada pela oposição e vários setores sociais para exigir do governo o cancelamento da eleição da Assembleia Constituinte prevista para este domingo.
Centenas de pessoas foram detidas durante esta nova ação de protesto, que consistiu no fechamento de empresas e foi acompanhada por uma greve de trabalhadores e o fechamento em massa de ruas com barricadas e outros objetos.
Agentes da polícia e da Guarda Nacional (Polícia Militar) tentaram dissolver em vários pontos do país com bombas de gás lacrimogêneo quem fechava as ruas, que em alguns casos responderam com pedras e outros objetos.
A Promotoria acusou os responsáveis das forças da ordem por supostas violações dos direitos humanos durante a contenção dos protestos e a promotora geral, Luisa Ortega, qualificou de “excessiva” a ação contra os manifestantes.
O protesto ocorreu um dia após Maduro proibir em todo o país manifestações que atrapalhem a eleição. A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) pediu que os protestos prossigam até domingo, dia da votação, e o governo ameaçou com prisão de cinco a dez anos quem boicotar a ordem do presidente.
Maduro, cuja gestão é rejeitada por 80% da população, segundo o instituto de pesquisa Datanálisis, assegura que a Constituinte garantirá a paz e a recuperação econômica. Ele acusa seus adversários de tentar fazer um golpe de Estado com o apoio dos Estados Unidos e que governo vizinhos da América Latina e da Europa estão sendo submissos ao “Império”.
A MUD decidiu não participar da votação, alegando que a Constituinte convocada sem referendo foi elaborada pelo governo para criar uma Carta Magna que instaurará uma ditadura no país.
Manifestações internacionais
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse nesta sexta-feira que não reconhecerá o resultado da eleição da Assembleia Constituinte na Venezuela, agendada para este domingo. O objetivo do pleito é aprovar pontos da Carta Magna do país.