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Jovens cruzam a fronteira do Brasil com o Uruguai para tomar a vacina contra o coronavírus

Abdel Perez foi vacinado no Uruguai, dois dias após completar 18 anos. (Foto: BBC)

Na tarde do último dia 30, Abdel Perez, de 18 anos recém-completados, tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19. Ele mora em Santana do Livramento, no interior do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai, e foi ao país vizinho só para se imunizar.

Filho de uma uruguaia, Abdel é um exemplo de doble chapa, como são chamados na região os brasileiros descendentes de uruguaios que têm dupla cidadania.

Assim como ele, brasileiros com mais de 18 anos e que possuem cidadania uruguaia podem ser imunizados contra o novo coronavírus no país vizinho — não é necessário ser profissional de saúde ou fazer parte de algum outro grupo prioritário.

“Foi fascinante, uma surpresa muito boa. Não esperava ser vacinado tão rápido, porque estava aguardando no Brasil, onde demoraria muito, muito mesmo”, diz o jovem à BBC News Brasil.

Enquanto o Brasil caminha a passos lentos na imunização contra a covid-19, o Uruguai tem avançado rapidamente na imunização de seus habitantes. O país vizinho planeja vacinar cerca de 70% de seus quase 3,5 milhões de moradores até o fim do primeiro semestre deste ano.

Diversos moradores de Santana do Livramento têm se vacinado em Rivera, no Uruguai. Na cidade brasileira, de cerca de 76 mil habitantes, muitos moradores têm dupla cidadania.

Há também vários uruguaios que vivem no Brasil e foram ao país de origem para serem imunizados. Brasileiros que trabalham no Uruguai também estão sendo vacinados lá.

A vacinação na fronteira brasileira é considerada fundamental pelas autoridades uruguaias, em virtude do atual cenário da pandemia no Brasil, com sucessivos recordes de mortes e casos.

Foi por meio de uma publicação no Instagram que Abdel soube que já poderia ser vacinado. “Saiu no perfil da rede de saúde pública do Uruguai que estavam começando a vacinar (diferentes idades), peguei o número do WhatsApp na página, encaminhei meus dados e marquei”, diz o jovem, que teve a aplicação agendada para dias depois.

Para que possam se vacinar, os brasileiros precisam se cadastrar e encaminhar ao Ministério da Saúde uruguaio um documento que comprova o vínculo com o país vizinho. Isso pode ser feito por meio do site da pasta ou em um número de WhatsApp criado para agendar as imunizações.

Após a confirmação, o Ministério da Saúde do Uruguai encaminha dados do local e a data da vacinação da primeira e da segunda dose.

Abdel tomou a primeira dose da CoronaVac dois dias após completar 18 anos. Na mesma data, sua mãe, que é uruguaia e mora no Brasil, também recebeu a primeira dose.

Os dois levaram cerca de 15 minutos de Santana do Livramento, onde moram, ao local de vacinação, uma unidade de saúde em Rivera.

Na área do hospital uruguaio destinada somente à imunização, Abdel e a mãe precisaram preencher um formulário com seus dados uruguaios. Depois foram para uma fila, na qual as pessoas precisam manter distância de cerca de dois metros entre si.

Outra brasileira que também foi vacinada recentemente em Rivera é a universitária Daniela Muratorio, de 25 anos. Ela foi imunizada no último dia 26. “Quando a vacina chegou no Uruguai, já sabia que o processo seria bem mais rápido (que no Brasil)”, diz a jovem, que mora no Brasil, é filha de uruguaio e tem dupla cidadania.

“Foi tudo muito rápido. O meu irmão, de 28 anos, foi vacinado (com a primeira dose) um dia antes de mim. Meu pai, de 58 anos, foi vacinado no início de março no Uruguai e já vai tomar a segunda dose.”

De acordo com dados do governo, o Uruguai vacinou, até a manhã de domingo (4), 716,9 mil pessoas (20,5% da população, de 3,5 milhão de habitantes) com a primeira dose e 68 mil (1,9%) com a segunda. O país começou a imunização da segunda dose há cerca de duas semanas. As informações são da BBC News.

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