Vallisney de Souza Oliveira, juiz federal de Brasília à frente da Lava Jato, Zelotes e Spoofing, também julgará a Operação Gaveteiro, que investiga desvios de R$ 50 milhões no extinto Ministério do Trabalho e mira Ronaldo Nogueira, ex-ministro da pasta.
A operação foi deflagrada em fevereiro e teve como alvos Ronaldo Nogueira, ex-presidente da Funasa na gestão Bolsonaro e ex-ministro do Trabalho no governo Temer, e Pablo Tatim, ex-auxiliar da Casa Civil de Bolsonaro. Vallisney é da 10ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal no DF.
Até então, o inquérito corria na 12ª Vara, sob a juíza Pollyanna Kelly Maciel, onde também tramita a Operação Registro Espúrio, que apura a existência de organização criminosa que fraudou contribuições sindicais no antigo Ministério do Trabalho — um dos réus da Espúrio é Roberto Jefferson.
Ao trocar o foro da Gaveteiro, o Tribunal Regional Federal da 1ª região entendeu que apesar de muitos réus serem os mesmos nas duas investigações, os crimes foram diferentes, com outros objetivos e em momentos diversos.
Sergio moro
Amigos de Sergio Moro andam decepcionados com o ex-chefe da Lava-Jato. Avaliam que, entre todos os personagens revelados ao país por causa da operação, Moro é o único livre de amarras para assumir uma postura mais dura de defesa das investigações, nesse processo de encerramento do modelo de forças-tarefas iniciado pela PGR.
Moro, no entanto, segue tímido, com manifestações pontuais nas redes e em alguns veículos de imprensa, sem chamar para si a responsabilidade enquanto procuradores se desgastam para tentar manter o trabalho. A leitura é de que Moro deveria ir para a linha de frente.
“Essa postura distante, retraída, num momento em que ele deveria rodar esse país acordando as pessoas para o que está ocorrendo com a Lava-Jato é incompreensível”, diz um interlocutor próximo.
Na avaliação desses amigos, Moro também está sob ataque e buscar a atuação mais enfática também ajudaria a chamar a atenção para movimentos que tentam inviabilizar um possível projeto político do ex-juiz.
Lula
Está pronto para decisão na mesa do juiz Luiz Antonio Bonat o que pode ser a terceira sentença de Lula na Lava-Jato em Curitiba.
Trata-se da ação penal em que o petista e oito investigados são réus por crimes de lavagem de dinheiro e ocultação bens em operações relacionadas a um terreno em São Paulo, onde funcionaria a nova sede do Instituto Lula e o apartamento vizinho ao do petista em São Bernardo do Campo usado por ele durante anos.
Segundo o MPF, a Odebrecht pagou propina a Lula via aquisição do imóvel. O valor, até novembro de 2012, foi de 12,4 milhões de reais. Segundo a força-tarefa, o valor consta em anotações de Marcelo Odebrecht, planilhas apreendidas durante as investigações e dados obtidos a partir de quebra de sigilo.
A denúncia afirma também que o ex-presidente recebeu, como vantagem indevida, a cobertura vizinha à residência onde vive. De acordo com o MPF, foram usados 504.000 reais para a compra do imóvel.
O dinheiro usado nas duas operações teria saído da conta de propina aberta pela Odebrecht para financiar projetos políticos e despesas pessoais de Lula.
A decisão será do novo chefe da Lava-Jato em Curitiba, mas Sergio Moro, o maior rival do petista, também tem sua parcela de participação no caso. Foi ele quem acolheu a denúncia e tornou Lula réu em 2017.