Eleito melhor árbitro do Campeonato Paulista, Guilherme Ceretta de Lima pediu dispensa da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Ele anunciou que não apita mais pelo quadro da entidade enquanto a Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem) for comandada por Sérgio Corrêa. Além da esfera profissional, a desavença entre eles envolve até denúncia de discriminação.
“Com relação à CBF, eu não tenho mais interesse em representar a entidade a partir do momento que o comandante continue sendo o Sérgio Correa. Se houver uma troca, uma substituição ou se ele sair, aí eu posso me colocar à disposição novamente”, afirmou Ceretta. Paralelo à função de árbitro, Ceretta também trabalhou como modelo. O que, segundo ele, é motivo de discriminação na Comissão de Arbitragem.
“O fato de eu ser um árbitro bonito incomoda. O fato de eu ter sido modelo incomoda. Então você tem que ser feio e você pode ter qualquer uma outra profissão que seria legal, mas modelo não pode, modelo pra ele ou pra eles deve ser algo que não pode ser ligado a arbitragem. Mas eu não li isso em regulamento algum, que pra ser árbitro você não pode ser modelo. Então com certeza isso aí contribui para a antipatia entre as partes”, contou.
De acordo com Ceretta, que costuma falar com a imprensa e já foi até ao Programa do Jô, Corrêa quer que os árbitros ajam à sua imagem e semelhança. “Eu sempre bati o pé e vejo isso como um trabalho como qualquer outro, se eu fosse feio eu poderia estar na Fifa (Federação Internacional de Futebol). Ele tem algum tipo de preconceito em relação a isso eu não posso fazer nada, eu não posso julgar, respeito as preferências que ele tem por outros árbitros, mas posso não concordar. O presidente deixa essa relação profissional e pessoal muito próximo. O fato de eu sempre ser procurado pra falar e dar entrevistas era uma coisa que incomodava. O fato de eu ter ido no Jô Soares é uma coisa que incomodava. Eu tinha que ser aquilo que ele gostaria que eu fosse eu não poderia ser eu mesmo”, acrescentou.
Outro lado.
Corrêa respondeu as acusações. “Isso [justificativas dele] não existe. Não há nem o que comentar sobre isso. O fato de ele não ser aproveitado recentemente é culpa exclusivamente dele, não dá CBF.”
Ao longo do Brasileirão, Ceretta apitou apenas uma partida. Foi na 7ª rodada, no dia 13 de junho, vitória do Flamengo por 1 a 0 contra o Coritiba. Na ocasião, o árbitro deixou de expulsar o atacante Wellington Paulista, que ofendeu o assistente Marcelo Van Gasse, e acabou levando um gancho temporário. À época, ele julgou que a punição foi exagerada. Depois disso, ausentou-se de testes físicos e teóricos da CBF e não voltou a ser escalado para apitar os jogos.
“Ele deixou de comparecer às avaliações físicas e teóricas de julho e, por isso, não estava apto a ser escalado depois. Tenho 600 árbitros que cumprem o protocolo todo de avaliações, ele não pode ser tratado de maneira diferente. Tem que fazer também. É um árbitro de grande potencial, pode chegar a ser internacional tranquilamente, mas precisa fazer as avaliações. Não há qualquer preconceito ou implicância por qualquer outro fator. São questões de protocolo. Ele precisa cumprir”, afirmou Corrêa.