Ícone do site Jornal O Sul

Juiz manda universidade paulista exonerar todos os 11 procuradores jurídicos contratados em cargos comissionados recebendo até 37 mil reais por mês

As vítimas foram mortas com golpes de diversos objetos, entre eles uma pá. (Foto: Divulgação)

A Justiça de São Paulo mandou a Universidade Estadual Paulista (Unesp) exonerar todos os onze procuradores jurídicos contratados sem concurso público. Os salários brutos variam entre R$ 20 mil e R$ 37 mil.

O juiz Josué Vilela Pimentel, da 8.ª Vara de Fazenda Pública da Capital, deu seis meses para a universidade abrir concurso e preencher as vagas. Segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), a Unesp já realizou o concurso, durante a tramitação da ação, mas ainda não demitiu os procuradores lotados em cargos comissionados.

Para o magistrado, as contratações violaram os princípios da impessoalidade, moralidade e eficiência. “Não se tem qualquer informação sobre como os procuradores jurídicos da universidade são escolhidos, se passam por algum tipo de análise de currículo ou processo seletivo”, assinalou.

O juiz argumentou que as remunerações dos procuradores, algumas acima do teto do funcionalismo, são incompatíveis com o grau de especialização. “Quase todos os atuais contratados são meros bacharéis em Direito”, destacou.

A decisão cita ainda possível nepotismo na contratação da procuradora Cristiane Gomes Carrijo Andrade, filha do chefe de gabinete do atual reitor.

O juiz atendeu a um pedido do promotor de Justiça Silvio Antonio Marques, da Promotoria do Patrimônio Público e Social da Capital, que entrou com uma ação civil pública contra a Unesp em junho de 2021. Ele argumentou que não há justificativa para a universidade manter sua assessoria jurídica estruturada exclusivamente em cargos comissionados.

“Não se pressupõe a existência de qualquer relação de confiança para que os procuradores universitários atuem. Em verdade, as funções de tais servidores devem ser desempenhadas por aqueles que comprovem possuir maiores conhecimentos técnicos, o que apenas pode ser aferido por intermédio de concurso público”, diz um trecho da ação.

Depois de receber uma notificação do Ministério Público, a Unesp chegou a editar uma resolução para tentar resolver a situação. A universidade decidiu manter os procuradores jurídicos contratados nos cargos comissionados, mas criou a carreira de “advogados”, com as mesmas funções técnicas e previsão de concurso público.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo promotor Silvio Antônio Marques, que investiga casos de improbidade, reabriu o inquérito civil que havia dado base à propositura da ação civil.

Nessa nova etapa do inquérito, Marques investiga especificamente duas situações: nepotismo por causa da contratação da filha do chefe de gabinete do reitor e prejuízo ao erário pelo fato de o reitor não ter demitido os procuradores comissionados.

Segundo Silvio Marques, a Reitoria mandou fazer novo concurso, no curso da ação civil, o que ocorreu recentemente, mas, ao mesmo tempo, isso acabou provocando uma nova irregularidade.

“Apesar de a Unesp ter feito novo concurso, o reitor não demitiu nenhum procurador. Além dos onze procuradores comissionados, o jurídico da universidade tem mais oito advogados”, anotou o promotor.

Sair da versão mobile