Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de junho de 2017
O julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) virou palco para críticas abertas ao Ministério Público e às delações premiadas. Um dos motivos para as manifestações foi o pedido do vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, para que o ministro Admar Gonzaga fosse declarado impedido por ter advogado para a campanha de Dilma em 2010.
Como reação, o presidente da Corte, Gilmar Mendes sugeriu que o MP (Ministério Público) tentava coagir o tribunal. “O MP não pode surpreender o tribunal. Esse fato não foi conhecido pelo Ministério Público neste momento, é preciso que o Ministério Público assuma o seu papel e respeite o tribunal.”
Gilmar disse que as instituições “têm de se conter, não podem usar poderes do Estado como selvagens”. Dino reagiu: “Não aceito a crítica. O MP não é réu nesta ação. Não há denúncia”. “Mas será feita”, respondeu Gilmar, exaltado.
Em nota divulgada após o fim do julgamento, Dino afirmou que “agiu de forma técnica” ao pedir o impedimento de Gonzaga. “Cumpri meu dever, de acordo com minha consciência e minha independência”, disse.
Gonzaga defendeu seu direito de participar do julgamento. “Esse represamento tático não vai me constranger. Engana-se quem pensa que eu serei constrangido”, afirmou durante o julgamento.
As críticas ao Ministério Público e às delações partiram dos quatro ministros que votaram para absolver o presidente. Do outro lado, a ministra Rosa Weber elogiou o trabalho “excepcional” dos procuradores.
Exaltado, o ministro Napoleão Nunes Maia puxou o debate sobre delações e mencionou que foi alvo de notícia sobre a citação a seu nome em negociação da OAS. A matéria foi publicada pelo jornal Valor Econômico. O ministro também é citado na delação da JBS, o que ele considerou “mentira deslavada”.