Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de dezembro de 2015
Julia Roberts deveria ter sido um homem, pelo menos em seu novo filme, “Olhos da Justiça” (“O Segredo dos Seus Olhos”). Seu personagem neste policial meio noir foi criado como um homem que perde a esposa. Era assim no drama original argentino vencedor do Oscar no qual o filme se baseia. Mas na refilmagem americana, escrita e dirigida por Billy Ray e coestrelada por Chiwetel Ejiofor e Nicole Kidman, é Julia que perde um membro da família, a filha. Essas mudanças do roteiro, concebidas por ela, “tiveram o efeito de um abalo sísmico no filme”, disse Ray, dando ao público um novo elemento emocional porque a singularidade do personagem não muda.
Como Jess, Julia, outrora a rainha da comédia romântica e das bilheterias, aparece sofrida, mergulhada na dor. “Ela teve a ideia brilhante de colocar essas lentes de contato que fazem seus olhos parecerem desgastados”, disse Ray. Para retratá-la corretamente, fez testes com a câmera com o marido Danny Moder, que foi contratado para ser o câmera por sugestão da própria Julia. O filme tem previsão de estreia para dia 10 deste mês em Porto Alegre.
Aos 48 anos, Julia cuja carreira mudou com o Oscar por “Erin Brockovich” em 2001, nos últimos dez anos deixou um pouco de lado o estrelato para se dedicar à vida familiar; ela e Moder têm três filhos, Henry de 8 anos, e os gêmeos de quase 11, Hazel e Phinnaeus, e moram em Malibu, na Califórnia. “Sempre fui muito exigente, mas agora também tenho de conciliar o calendário escolar e o cronograma de trabalho do meu marido”, disse. A atriz comentou que neste momento se sente “meio à margem” da indústria do entretenimento. “Não conheço os atores e as temperaturas, quais são os filmes que estão indo bem e quais não.” A seguir, veja trechos da entrevista com a Julia.
Billy Ray disse que lhe mandou o roteiro porque ouviu dizer que você queria desaparecer em alguma coisa.
Tem de ser alguma coisa que seja mesmo difícil, em que você tenha realmente de fincar os dentes. Fiquei atraída por Jess e por suas complicações e pelo fato de sua vida ser simples e cheia de sol. Gostei daquilo, e da ideia de arrancar tudo isso dela. Tinha de ter impacto. Você precisa ver que a vela dentro de cada pessoa se apagou. Com as lentes de contato, era como ter lenços de papel na frente dos olhos.
É mais fácil ou mais difícil ter seu marido atrás da câmera?
Julia Roberts – Ambas as coisas. Neste exemplo, acho que fez uma enorme diferença para mim. Mas também me deixa mais nervosa. Confiamos um no outro. Não é só me fazer parecer uma mulher de 30 em cada cômodo da casa. Queremos mostrar a verdade do nosso personagem.
Você se sente mais atraída por personagens resistentes e fortes diante da adversidade? Não eram os papéis que você interpretava no começo.
Julia – Como ator, você se sente atraído por uma variedade de coisas, na medida do possível. Não sei até que ponto eu tinha determinação ou podia demonstrar que tinha aos 20 anos. Acho que é uma espécie de dom que vem com a idade, interpretar papéis mais complexos.
Não a veremos mais em outras comédias românticas?
Julia – As pessoas dizem: ‘Ah, ela é contra as comédias românticas’. Não é verdade. Adoro comédias. Tive sorte de fazer algumas realmente boas, por isso a meta para mim é bem mais elevada. Além disso, é difícil encontrar uma ideia realmente original de comédia romântica para uma pessoa de 48 anos, que seja de fato engraçada, realista e crível. Estou totalmente aberta a isso. (AE)