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Juro do cartão se aproxima de 300% ao ano; taxa é a mais alta desde 1999

Cartão de crédito continua sendo o vilão dos juros entre todas as modalidades pesquisadas (Foto: Ernesto Rodrigues/AE)

O cenário de maior inflação, aumento de juros e expectativa de maior inadimplência levaram a um novo aumento dos juros do cartão de crédito. A alta de abril, a terceira seguida neste segmento, fez a taxa chegar a 12,14% ao mês ou 295,48% ao ano, o que significa dizer que uma dívida de 1 mil reais no cartão se transforma, 12 meses depois, em 3.954,89 reais. Essa é a modalidade de crédito mais cara para a pessoa física, segundo levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças).

Essa taxa média de juros cobrada no cartão é a maior desde o mês de março de 1999, quando chegou a 13,45% ao mês, o equivalente a 354,63% ao ano.

Das seis linhas de crédito pesquisadas, todas tiveram suas taxas de juros elevadas no mês: crediário; cartão de crédito rotativo; cheque especial, CDC financiamento de veículos; empréstimo pessoal em bancos; e empréstimo pessoal em financeiras. Com todas essas altas, a taxa de juros média da pessoa física passou de 6,71% ao mês (118,00% ao ano) em março deste ano para 6,77% ao mês (119,48% ao ano) em abril, o maior valor desde julho de 2011.

Na avaliação do diretor executivo da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, o atual ciclo econômico faz com que os bancos fiquem mais criteriosos e, por isso, elevam a taxa. Esse cenário tem como pano de fundo a redução da renda das famílias, que estão com menos verba disponível para o pagamento de dívida devido à inflação e o aumento de tarifas. Além disso, há a expectativa de crescimento das taxas
de desemprego.

“Tudo isto somado e o fato de que as expectativas para este ano são igualmente negativas quanto a todos estes fatores, existe a tendência de levar as instituições financeiras a aumentarem suas taxas de juros para compensar prováveis perdas com a elevação da inadimplência”, avaliou Oliveira.

Segundo o diretor, como o BC (Banco Central) deverá continuar elevando a Selic (taxa básica de juros), que atualmente está em 13,25% ao ano, os juros para o consumidor continuarão em trajetória de alta.

A alta também é sentida pelas empresas. A taxa de juros média da pessoa jurídica passou de 3,89% ao mês (58,08% ao ano) em março para 3,97% ao mês (59,55% ao ano) em abril. (AG)

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