Mesmo após o fim do ciclo “intenso e tempestivo” de alta da taxa Selic, os juros cobrados pelos bancos no chamado crédito livre (que não inclui habitacional, rural e BNDES) voltaram a subir em outubro, de 40,7% ao ano em setembro para 42,4% em outubro, informou o Banco Central (BC). Esse é o maior nível registrado desde novembro de 2017.
Para as pessoas físicas, a taxa média passou de 54% para 56,6% ao ano de setembro para outubro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 23% para 23,5%. No crédito pessoal, a taxa passou de 40,2% para 42,4% ao ano.
A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo, por sua vez, avançou de 390,7% ao ano em setembro para 399,5% ao ano em outubro. É a maior taxa desde agosto deste ano (399,6% ao ano).
O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial cara, mas muito acessada em momentos de dificuldades.
No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro cedeu no mês, de 185,6% para 184,5% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 89,8% para 95%.
Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos. A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa caiu de 134,3% ao ano para 132,5% ao ano de setembro para outubro.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Os dados divulgados nesta segunda pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 27,1% ao ano em setembro para 27,2% em outubro.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 28,8% ao ano em setembro para 29,9% ao ano em outubro. No décimo mês de 2021, estava em 23%.
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,3 ponto percentual em outubro ante setembro, aos 21,6% ao ano. O percentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.