Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2015
O juiz Sergio Moro aceitou nessa segunda-feira denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada e outras cinco pessoas suspeitas de envolvimento em corrupção na estatal.
Os procuradores afirmaram que houve o pagamento de propina de 31 milhões de dólares na contratação de um navio-sonda pela Petrobras em 2008. De acordo com a denúncia, parte foi paga a Zelada e ao ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa, e outra parcela foi destinada ao PMDB.
Como a Justiça aceitou a denúncia, os seis a partir de agora passam a ser réus. A abertura da penal não significa culpa, apenas o primeiro passo do processo, durante o qual o juiz ouvirá testemunhas e acusados apresentarão suas defesas.
Na decisão, Moro mencionou a descoberta de duas contas secretas do ex-diretor em Mônaco, que somam 10,3 milhões de euros (cerca de 39,7 milhões de reais, em valores de hoje). Indicado pelo PMDB ao cargo, o ex-diretor ficou à frente da área Internacional da Petrobras de 2008 a 2012 e foi detido há um mês, na 15 fase da Operação Lava-Jato.
Além de Zelada e Musa, João Rezende Henriques, suspeito de ser o operador do PMDB, e Raul Felippe Junior responderão na ação por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. O ex-diretor também é acusado de evasão de dividas.
O chinês Nobu Su Hsin Chi Su, representante da empresa de Taiwan, e o lobista Hamylton Padilha foram acusados de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Padilha já fez acordo de delação em troca da redução da pena.
No despacho dessa segunda-feira, Moro citou a suspeita sobre o PMDB, mas disse que “não há identificação de qualquer autoridade com foro privilegiado que teria recebido tal propina”, o que faz com que o caso não seja levado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A acusação do MPF não detalhou quem no partido recebeu dinheiro desse contrato.
O juiz federal disse ainda que “há provas documentais significativas da materialidade e autoria dos crimes” e que as acusações não se baseiam apenas em depoimentos de delação. Entre as provas, Moro mencionou um contrato simulado para o pagamento de propina e uma auditoria interna da Petrobras sobre o caso.
Outro lado
A defesa de Zelada negou as acusações e afirmou que a contratação do navio-sonda foi legal. O PMDB nacional ressaltou que nunca autorizou ninguém a captar recursos dessa maneira. (Folhapress)