Terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de dezembro de 2024
Genivaldo de Jesus Santos tinha 38 anos e era aposentado em virtude do diagnóstico de esquizofrenia
Foto: Arquivo pessoalApós dois anos, seis meses e 14 dias da abordagem que matou Genivaldo Santos, de 38 anos, em Umbaúba (SE), os ex-policiais rodoviários federais William Noia, Kleber Freitas e Paulo Rodolpho foram condenados, na madrugada desse sábado (7), a penas que vão de 23 a 28 anos de prisão.
Genivaldo morreu asfixiado após ter sido trancado no porta-malas de uma viatura e submetido à inalação de gás lacrimogêneo, em maio de 2022. O caso repercutiu mundialmente.
William Noia, que abordou Genivaldo desde o início da ocorrência e segurou a porta da viatura após a bomba de gás lacrimogêneo ter sido jogada no porta-malas, recebeu pena de 23 anos, um mês e nove dias; Kleber Freitas, que fez, por cinco vezes, uso de spray de pimenta contra Genivaldo, recebeu pena de 23 anos, um mês e nove dias; Paulo Rodolpho, que chegou após a abordagem já iniciada, jogou a bomba e segurou a porta, recebeu pena de 28 anos.
As defesas dos réus podem recorrer da decisão. O trio foi acusado de tortura e homicídio triplamente qualificado. No entanto, o júri popular desclassificou o crime de homicídio doloso para os réus William Noia e Kleber Freitas, que passaram a responder por tortura seguida de morte e homicídio culposo – quando não há intenção de matar.
Após a sentença, a irmã de Genivaldo, Laura de Jesus Santos, falou que, apesar da condenação, o sentimento da família não é de felicidade. “Foi um resultado satisfatório, embora a gente não fique feliz com a desgraça de ninguém. Acalma, mas felicidade não traz”, disse.
Os ex-policiais estão presos desde 14 de outubro de 2022. Eles foram demitidos da PRF após determinação do Ministério da Justiça em agosto de 2023.
No final da manhã do dia 25 de maio de 2022, Genivaldo, que tinha esquizofrenia, foi parado por estar pilotando uma motocicleta sem capacete. A perícia feita pela Polícia Federal durante as investigações concluiu que a vítima passou 11 minutos e 27 segundos em meio a gases tóxicos, dentro de um lugar minúsculo e sem poder sair da viatura estacionada. Segundo alegação dos réus, ele teria resistido à abordagem.
Genivaldo era aposentado em virtude do diagnóstico de esquizofrenia. Ele era casado e tinha um filho de 7 anos e um enteado de 18.
Em setembro de 2023, a Justiça Federal de Sergipe determinou que a União pagasse uma indenização por danos morais no valor de R$ 1 milhão para o filho de Genivaldo, além do pagamento de indenização de R$ 405 mil para a mãe da vítima.