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Rio Grande do Sul Justiça do Rio de Janeiro mantém presos quatro investigados por venda de carne estragada pela enchente em Porto Alegre

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Produto foi "maquiado" para disfarçar cor e mau cheiro. (Foto: Divulgação/Decon-RJ)

Nessa sexta-feira (24), a Justiça do Rio de Janeiro converteu em preventiva a prisão em flagrante dos quatro investigados por vender para consumo humano um lote de carne deteriorada e que havia permanecido submerso durante a enchente de maio do ano passado em Porto Alegre. O grupo inclui um dos donos de empresa localizada na cidade fluminense de Três Rios.

De acordo com investigações da Delegacia do Consumidor (Decon) do Rio, a Tem Di Tudo Salvados – autorizada a fazer o reaproveitamento de produtos vencidos – arrematou de um frigorífico da capital gaúcha cerca e 800 toneladas de proteína animal deteriorada. O argumento foi de que o produto seria transformado em ração animal.

A investigação apontou, entretanto, que pacotes de carnes bovina, suína e de aves foram comercializados a açougues e mercados de todo o País, que não sabiam da fraude. “Temos informações de que a carne foi ‘maquiada’ para esconder a deterioração provocada pela lama e pela água acumuladas no estabelecimento de Porto Alegre”, declarou o delegado Wellington Vieira.

Ele acrescentou: “Foram 32 carretas que saíram do Sul para diversos destinos do Brasil. Quando uma mercadoria fica debaixo d’água, adquire circunstâncias e condições que trazem risco iminente à saúde. Todas as pessoas que consumiram essa carne correram risco de vida”.

Operação

Na quarta-feira (22), agentes da Decon-RJ cumpriram oito mandados de busca e apreensão na sede da Tem Di Tudo Salvados e em endereços ligados aos sócios da empresa. Os agentes acabaram encontrando mais alimentos podres ou vencidos e prenderam quatro indivíduos em flagrante por vender ou manter em depósito mercadoria imprópria ao consumo.

Na sede da empresa, por exemplo, os agentes encontraram pacotes de carne embalados a vácuo que podem ser do lote deteriorado de Porto Alegre, oito meses após a maior catástrofe já ocorrida no Rio Grande do Sul ser destaque no noticiário internacional. Além do uso de recursos para disfarçar a cor e o mau cheiro, o produto era vendido como “procedente do Uruguai”.

Também havia pedaços de carne pendurados em um ambiente sem a temperatura adequada, produtos congelados em prateleiras enferrujadas e sacos de alimentos no chão. A Polícia Civil também descobriu que a Tem Di Tudo Salvados lucrou muito com o esquema.

“Segundo as notas fiscais, a carne boa estava avaliada em torno de R$ 5 milhões, mas a empresa comprou as 800 toneladas estragadas por R$ 80 mil”, detalhou o delegado. Os investigados podem responder judicialmente por associação criminosa, receptação, crime contra a economia popular, adulteração e corrupção de alimentos.

A investigação começou pelo Rio Grande do Sul devido a uma coincidência: uma das empresas que compraram a carne deteriorada foi justamente o frigorífico que havia vendido o produto à Tem Di Tudo. Os produtores gaúchos acionaram então as autoridades depois de identificar o produto pela numeração do lote na etiqueta da embalagem. (Com informações da Agência O Globo)

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