Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2021
A Justiça Federal em Campinas (SP) autorizou na tarde desta sexta-feira (18) a retenção do passaporte do empresário Carlos Wizard, que deveria depor à CPI da Covid na última quinta-feira (17), mas não compareceu ao Senado Federal. A entrega deve ser feita assim que ele voltar ao Brasil.
A decisão foi da 1ª Vara Federal de Campinas, após a Polícia Federal (PF) fazer buscas na casa e no escritório do empresário e não encontrá-lo.
“Após as informações da Delegacia de Policia Federal em Campinas, verificou-se que o Senhor Carlos Wizard encontra-se fora do Brasil. Assim, em acatamento à segunda parte da ordem, determino à Polícia Federal que cumpra o último parágrafo do ofício 1560/2021 CPI PANDEMIA, ou seja, proceda a retenção do passaporte de CARLOS ROBERTO WIZARD MARTINS imediatamente após o seu ingresso em território nacional”, afirmou o juiz federal.
Em consulta no sistema de migrações, a PF diz ter confirmado a informação de que Wizard saiu do país em 30 de março.
Wizard é apontado como um dos supostos integrantes do “gabinete paralelo” que aconselhava Jair Bolsonaro a defender medidas ineficazes no combate à pandemia. O empresário chegou a pedir para ser ouvido de forma remota, mas a CPI rejeitou essa possibilidade.
Nesta sexta, o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), transformou em investigados Wizard e outras 13 pessoas.
Carlos Wizard entrou no radar da CPI após ser citado pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que confirmou em seu depoimento ter sido aconselhado pelo empresário e que chegou a oferecer um cargo a ele na sua pasta.
Wizard já teria declarado em uma entrevista à TV Brasil ter passado um mês em Brasília em 2020 como conselheiro do então ministro e sido convidado por ele para assumir uma secretaria.
O empresário preferiu não aceitar o cargo para seguir atuando de forma independente junto ao governo federal, que tinha um conselho paralelo ao Ministério da Saúde sobre as ações de combate à pandemia, segundo o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS).
Em seu depoimento à CPI, Pazuello afirmou que foi ele quem convidou Wizard a contribuir. Os dois se conheceram em 2018, durante a operação realizada em Boa Vista, em Roraima, para receber o grande número de imigrantes venezuelanos que chegavam ao Brasil fugindo da crise em seu país.
Pazuello coordenou estes esforços em Roraima. Wizard e sua mulher, que são mórmons, atuaram por dois anos em atividades sociais para acolher os venezuelanos no Estado. O empresário e o ex-ministro se tornaram amigos por causa disso.
“Quando fui chamado pra cá, o puxei, e pedi ajuda por ele ser um grande link entre o Ministério da Saúde e a compreensão da parte social, do público”, disse Pazuello na CPI.