Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 1 de dezembro de 2015
Desde que passou a ser obrigado a respeitar o direito ao esquecimento na Europa, em maio de 2014, o Google recebeu mais de 348 mil requisições no continente. Dados recentes divulgados pela empresa revelam que o Google teve de analisar, individualmente, mais de 1,2 milhão de URLs, porque é comum que uma única requisição envolva vários sites.
Quarenta e dois por cento dos links analisados acabaram sendo retirados do sistema de buscas, o que equivale a cerca de 518 mil páginas. Na sua maioria, os países europeus que fizeram mais pedidos foram França (73 mil), Alemanha (60 mil), Reino Unido (43 mil), Espanha (33 mil) e Itália (26 mil).
Não se sabe exatamente quais critérios o Google usa para julgar se deve ou não sumir com um resultado, mas a empresa deu pistas de como age dando exemplos de casos que passaram pelo seu crivo. Fica claro que pessoas públicas têm chances menores de ter seus pedidos aceitos devido ao grau de interesse da sociedade nos assuntos.
Mas os julgamentos não são simples arbitrariedades do Google. A empresa dá o exemplo de um caso em que após remover links sobre um “crime pequeno” cometido no Reino Unido, o Google foi obrigado pela Justiça a remover também links que levavam a um jornal que noticiou a primeira ação.
A maioria dentre os dez sites mais afetados até agora atua na área das redes sociais, tanto que o topo da lista fica com o Facebook, que teve 10,2 mil URLs removidas do Google. YouTube, Badoo, Google+ e Twitter também aparecem com destaque.
Esquecimento.
O Google explicou que analisa cada caso e decide pensando no interesse público do conteúdo. Por exemplo, no Reino Unido, um funcionário público que pediu a remoção de um link para uma petição de uma associação de estudantes que exigia a sua destituição viu o seu pedido negado, e o resultado continua a aparecer na pesquisa pelo seu nome. Também no Reino Unido, um antigo clérigo pediu a remoção de dois links para artigos relativos a uma investigação sobre acusações de abuso sexual no decorrer da sua atividade profissional. Mais uma vez, o pedido foi negado.
Por outro lado, na Bélgica, um indivíduo condenado por cometer um crime grave nos últimos cinco anos, mas cuja condenação foi anulada em tribunal, solicitou a remoção de um artigo acerca do incidente e viu o seu pedido aceito. Foram removidas as páginas dos resultados da pesquisa pelo nome do indivíduo.
O direito ao esquecimento começou a ser discutido há alguns anos quando o espanhol Mario Costeja González pediu que um artigo escrito em 1998 fosse retirado dos resultados da pesquisa pelo seu nome no Google porque o prejudicava e não refletia o seu estado atual. O tema do artigo em questão era a falência do empresário, que o fez perder até a casa. O direito ao esquecimento foi aprovado no Tribunal de Justiça da União Europeia.