Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de outubro de 2024
A filha de Marielle, Luyara Franco, afirma que o julgamento é a resposta essencial para a família e para a sociedade.
Foto: Divulgação/Instituto Marielle FrancoApós seis anos do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, os acusados da execução, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, serão finalmente julgados. A audiência está marcada para esta quarta-feira (30), no Fórum Central do Rio de Janeiro. A filha de Marielle, Luyara Franco, de 25 anos, afirma que o julgamento é a resposta essencial para a família e para a sociedade.
De acordo com a jovem, a demora para ter essa resposta significa “um aval o Estado para que outros ataques a mulheres negras continuem ocorrendo”, acredita, se referindo a ameaças recentes contra parlamentares como Talíria Petrone, Renata Souza e Tainá de Paula.
Em entrevista, Luyara afirmou estar ansiosa para o que chama de “etapa mais importante desde 14 de março de 2018”, ressaltando, porém, que este é apenas “o primeiro passo”. O julgamento dos mandantes, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, presos desde março deste ano, ainda não tem data definida.
“Esse julgamento é importante para garantir a responsabilização dos autores, a reparação para a família e, principalmente, para evitar que esse episódio se repita. Mas Justiça mesmo seria minha mãe estar aqui”, diz Luyara. Ela é graduada em Educação Física pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e atua desde abril deste ano como diretora no Instituto Marielle Franco.
Além de Luyara, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e os pais de Marielle, Antônio e Marinete Franco, estarão presentes no tribunal. O Instituto Marielle Franco considera este júri “um dos momentos mais importantes da nossa democracia nas últimas décadas” e organizou o ato “Amanhecer por Marielle e Anderson”, previsto para começar às 7h em frente ao Tribunal de Justiça do Rio.
“Estamos falando da execução de dois trabalhadores brasileiros que estavam voltando para casa depois de um dia de trabalho; um deles, uma parlamentar escolhida pelo povo, eleita com mais de 46 mil votos, que lutou incansavelmente pelos direitos da população”, lembra.
Na última semana, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como mandantes do crime, prestaram depoimento no Supremo Tribunal Federal. Chiquinho chegou a declarar que “preferia ter morrido no lugar da vereadora”. Luyara comentou a declaração com dificuldade: “É muito difícil ouvir algo assim. Além da dor e da saudade, temos que ouvir uma frase dessas”. Ela reiterou que a resposta definitiva virá com o julgamento dos mandantes.
Apesar de reconhecer os avanços, com executores e mandantes do crime presos e em vias de julgamento, Luyara reforça que a luta continua: “Enquanto houver uma mulher sofrendo ameaças, enquanto uma parlamentar negra tiver medo de exercer seu mandato, essa luta não vai acabar”, falou.