Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Bruno Lossio Parreira | 22 de agosto de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A candidatura de Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos em 2024, ao lado do governador de Minnesota, Tim Walz, representa um momento crucial para o Partido Democrata. Após a decisão surpreendente de Joe Biden de não concorrer à reeleição, Harris, sua vice-presidente, rapidamente emergiu como a escolha natural para assumir a candidatura, com Walz trazendo um equilíbrio regional e uma conexão com eleitores do Meio-Oeste norte americano.
Desde a oficialização da chapa Harris-Walz, a campanha tem se concentrado em temas centrais para a base democrata, como direitos civis, justiça social, igualdade de gênero e reforma imigratória. Harris, que já fez história como a primeira mulher, e negra, a ocupar a vice-presidência, agora busca romper mais um teto de vidro, como a primeira mulher a ser Presidente dos Estados Unidos da América. Sua campanha tem girado em torno da defesa de direitos que ela alega estarem sob ataque por parte dos Republicanos, especialmente em áreas como o direito ao aborto, as políticas ambientais e a proteção aos imigrantes.
O tema da imigração é particularmente relevante na plataforma de Harris. A candidata defende uma reforma abrangente que inclua a regularização de milhões de imigrantes indocumentados, a proteção dos Dreamers e a criação de um sistema de asilo mais justo. Harris critica as políticas de imigração da administração anterior, que ela considera desumanas, e promete um tratamento mais digno e eficiente para aqueles que buscam uma nova vida nos Estados Unidos. Tim Walz, por sua vez, complementa essa visão com sua experiência em lidar com comunidades imigrantes em Minnesota, onde trabalhou para integrar imigrantes e refugiados, garantindo-lhes acesso a oportunidades e serviços essenciais.
Walz também traz para a chapa um perfil que se identifica com eleitores de estados como Minnesota, Wisconsin e Michigan, onde o Partido Democrata precisa recuperar terreno. Sua experiência como governador e veterano adiciona um forte apelo aos eleitores moderados e independentes. A campanha em curso tem feito um esforço significativo para se conectar mais ainda com eleitores latinos e afro-americanos, destacando os investimentos da administração Biden-Harris em assuntos relevantes para as minorias e para comunidades historicamente desatendidas. Harris tem sido incisiva em seus discursos, especialmente ao abordar questões como a revogação do Roe v. Wade, que voltou a colocar o direito ao aborto no centro do debate político.
A cobertura midiática da campanha Harris-Walz reflete a polarização que marca o cenário político norte-americano. Veículos de mídia progressistas têm elogiado a trajetória de Harris e sua defesa de temas sociais críticos. A revista The Atlantic destacou o simbolismo da candidatura de Harris, especialmente em um momento em que direitos fundamentais estão sendo contestados em vários estados. Por outro lado, a mídia conservadora, como a Fox News, tem sido dura em suas críticas, questionando a eficácia de Harris como líder e associando-a às políticas que consideram falhas da administração Biden. Críticas também recaem sobre Walz, especialmente em relação à sua gestão durante a pandemia de COVID-19 em Minnesota, marcada por controvérsias sobre lockdowns e a resposta aos protestos de 2020.
As projeções para as eleições de 2024 sugerem uma corrida apertada, especialmente em estados que podem decidir o resultado final, como Arizona, Geórgia e Pensilvânia. Embora Harris tenha o apoio sólido da base democrata, ela enfrenta desafios significativos em atrair eleitores independentes e moderados, que serão cruciais para uma vitória em novembro.
Analistas políticos apontam que o sucesso de Harris e Walz dependerá em grande parte de sua capacidade de mobilizar uma ampla coalizão de eleitores, que inclui desde jovens preocupados com as mudanças climáticas até eleitores latinos e afro-americanos focados em justiça social. A campanha também precisará enfrentar a retórica agressiva do Partido Republicano, que já está atacando Harris como uma candidata “radical”.
Uma das grandes incógnitas para a eleição de 2024 é o nível de comparecimento eleitoral, pois é importante lembrar que o ato de votar é um direito para o americano e não uma obrigação legal. As eleições presidenciais recentes têm visto um aumento significativo na participação, e 2024 não deve ser diferente. Há muita coisa em jogo e, assim, estima-se que mais de 65% dos eleitores registrados compareçam às urnas, movidos pela importância dos temas em discussão e, também pela polarização extrema que caracteriza o atual ambiente político norte americano. A campanha Harris-Walz terá como desafio mobilizar tanto eleitores tradicionais do Partido Democrata quanto novos eleitores, especialmente jovens e minorias. A alta participação eleitoral será crucial para contrabalançar o entusiasmo do lado republicano, especialmente em um cenário onde a desinformação pode ter um impacto significativo.
A corrida presidencial de 2024, com Kamala Harris e Tim Walz liderando a chapa democrata, representa mais do que apenas uma escolha entre dois candidatos. Trata-se de uma disputa pelo futuro da democracia americana, onde temas como direitos civis, igualdade de gênero, justiça social e reforma imigratória estão no centro do debate.
Com uma campanha centrada na defesa desses valores e na crítica aos retrocessos promovidos por seus oponentes adjetivados de esquisitos por Walz, a Candidatura Democrata têm uma tarefa monumental pela frente. No entanto, com uma estratégia bem definida e um esforço concentrado em mobilizar a base eleitoral, a dupla tem mostrado estar preparada para enfrentar os desafios que se avizinham.
O resultado dependerá da eficácia das campanhas e do comportamento dos eleitores nos estados decisivos. A eleição de 2024, portanto, traz grandes desafios e promete ser uma das mais disputadas e significativas na história recente dos Estados Unidos. Continue, caro leitor, acompanhando os acontecimentos que continuam gerando ampla cobertura da mídia e procure verificar como o cenário em movimento dessa corrida eleitoral pode oferecer oportunidades para contemplar os seus próprios interesses como cidadão do mundo ou mesmo como interessado em imigrar legalmente para os Estados Unidos.
Bruno Lossio Parreira, Membro do Grupo Front, Advogado e Fundador da Lossio e Sliar Advogados, Coordenador de Estudos em Direito Internacional no Instituto Nemesis e membro ativo da American Immigration Lawyers Association (AILA).
* g.frontoficial@gmail.com
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