Estão compartilhando na internet que a candidata democrata à presidência nos Estados Unidos, Kamala Harris, prometeu a um dia da eleição que vai legalizar a maconha e que o aborto legal será sua prioridade no governo. Um dos posts com essa alegação afirma que ela teria feito a promessa ao perceber que “está perdendo feio nas pesquisas”.
A afirmação é enganosa porque tanto a descriminalização do aborto quanto da maconha são pautas que Harris defendia desde antes da votação, realizada nessa terça-feira (5). Portanto, não são promessas relacionadas a um mal desempenho em pesquisas – aliás, os levantamentos de intenção de voto nos EUA indicam um empate técnico entre a democrata e o republicano Donald Trump.
Em relação à interrupção da gestação, a vice-presidente se tornou a principal liderança do governo de Joe Biden sobre o assunto após a Suprema Corte anular, em 2022, o precedente legal Roe vs Wade, que garantia o direito para todas as mulheres americanas. Em relação à maconha, em entrevista a um podcast em 30 de setembro, a candidata defendeu a legalização e afirmou ser favorável à prática há muito tempo. No domingo, dia 3, Harris reforçou a promessa e fez posts em suas redes sociais afirmando que, caso eleita, irá legalizar a erva para uso recreativo.
A posição de Kamala sobre a descriminalização do aborto não surgiu na véspera da eleição. Após a anulação do precedente histórico de Roe vs Wade, a vice-presidente pressionou o Congresso americano para que uma lei que garantisse o direito para as mulheres em nível nacional fosse aprovada. Em março, ela fez uma visita oficial a uma clínica de aborto.
Durante seu período no Senado, Kamala apoiou consistentemente o direito à interrupção da gravidez. O apoio inclui a coprodução de uma legislação para proibir restrições ao aborto em nível estadual, como a exigência de que os médicos realizassem exames específicos ou tivessem privilégios de admissão em hospitais para realizar abortos.
A pauta do aborto foi frequentemente abordada durante a campanha de Harris no intuito de angariar votos de mulheres. Em outubro, por exemplo, durante comício no Texas que contou com a presença da cantora Beyoncé, a candidata afirmou que o estado era o “marco zero na luta pela liberdade reprodutiva” porque “é o lar de uma das proibições ao aborto mais restritivas do nosso país”. No mesmo mês, em Michigan, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama participou de um ato de campanha de Harris, onde fez um discurso contundente em defesa do aborto legal.
No último domingo, Harris fez posts em suas redes sociais afirmando que, caso eleita, irá legalizar a maconha recreativa, derrubar barreiras legais injustas e criar oportunidades para que todos os americanos tenham sucesso nesse novo setor.
O posicionamento publicado às vésperas da votação deu origem aos posts enganosos. Contudo, essa não é a primeira referência ao assunto que ela faz. Além de defender a legalização em 30 de setembro, em 14 de outubro a imprensa internacional noticiou que ela anunciou que legalizaria totalmente o uso recreativo da substância para adultos em nível federal.
Antes disso, em março, ela havia dito que é “absurdo” o governo federal classificar a droga como mais perigosa do que o fentanil. Na ocasião, pediu agilidade ao processo do governo de revisar a classificação da droga, que ela entende ser “injusta”.