Laboratórios particulares de grande porte do País já estão oferecendo testes para detecção do novo coronavírus, o Covid-19, em suas unidades. Desenvolvidas a partir da divulgação da sequência genética do vírus, as análises têm todas as suas etapas realizadas no Brasil e há empresas que divulgam o resultado em até 24 horas.
O País ainda não tem casos confirmados da doença, mas a rede privada afirma estar preparada para o caso de ocorrer uma situação de surto, evitando a sobrecarga dos laboratórios públicos.
Desde a última sexta-feira (14), o Grupo Fleury passou a oferecer o teste, que foi desenvolvido em uma semana, em hospitais parceiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e do Distrito Federal.
“A gente está acompanhando especialmente desde 12 de janeiro, quando os chineses publicaram a sequência genética do vírus. Usamos o PCR, que é um recurso que a gente usa para forçar o vírus a se multiplicar. Seguimos um protocolo alemão. Nele, pedaços de DNA se grudam em três partes do vírus para que ele possa se multiplicar e a gente usa isso para identificar a presença do vírus”, explica Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury.
A coleta é feita por raspagem de nasofaringe. “É usado um tipo de cotonete fino e flexível com um algodão na ponta. Raspa-se bem no fundo do nariz. Os poucos estudos publicados mostram que essa é a região onde tem mais vírus.”
O resultado do teste ficará pronto em até 48 horas no Estado de São Paulo e em três dias em outras localidades. Segundo Granato, a oferta dos testes em unidades privadas pode ajudar os laboratórios públicos caso haja um surto no País. O laboratório tem cerca de 30 hospitais parceiros. O Fleury não divulgou o preço do exame.
“Em 2009, quando ocorreu a situação com o H1N1, fazíamos 150 exames por dia. Enquanto estiver em uma situação controlada, o (Instituto) Adolfo Lutz vai suprir, mas, se o quadro mudar, a gente vai dar suporte ao sistema público.”
Na rede pública, o Instituto Adolfo Lutz e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão entre os laboratórios de referência no País para o diagnóstico da doença, que também está sendo realizado pelo Instituto Evandro Chagas.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, os casos suspeitos estão sendo investigados pelas secretarias municipais e as amostras são colhidas nos hospitais. Depois, são encaminhadas para o Instituto Adolfo Lutz. O material é coletado a partir de aspiração das vias aéreas ou coleta de secreção da boca e do nariz. O método utilizado também é o PCR.
No Rio de Janeiro, a análise é realizada pelo Laboratório de Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que já atuou nos surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), em 2002 e 2003, e de H1N1 no ano de 2009. O laboratório participou da análise do material colhido dos brasileiros que foram repatriados de Wuhan, na China, epicentro do surto. Todos os resultados foram negativos.
Análise no Brasil
Desde a última terça (11), a Dasa está oferecendo um teste que também utiliza a tecnologia de PCR e entrega os resultados em 24 horas. O grupo engloba laboratórios mais de 30 marcas e 700 laboratórios, como Delboni Auriemo, Lavoisier Diagnósticos e SalomãoZoppi Diagnósticos. O exame custa entre R$ 700 e R$ 900. dependendo da região onde é realizado.
“A validação da Dasa se deu por meio de parceria com o Instituto de Medicina Tropical da USP (Universidade de São Paulo), que recebeu amostra controle por ser instituição pública e de pesquisa, e ter prioridade no recebimento da amostra padrão”, informou o grupo.
No dia 6 de fevereiro, foi lançado o teste do laboratório DB Molecular, que tem mais de 6 mil laboratórios credenciados em sua rede. Antes dessa data, era oferecida uma opção de teste com a análise feita nos Estados Unidos. Agora, ela é realizada no Brasil.
Os laboratórios informaram que os testes serão realizados mediante solicitação médica e que os médicos seguem a triagem recomendada pelo Ministério da Saúde, que trata como casos suspeitos não só pessoas que têm os sintomas da doença, como febre alta e dificuldade para respirar, mas pacientes com histórico de viagem para a China 14 dias antes do aparecimento dos sintomas. As empresas não informaram os valores dos testes. O DB Molecular disse que os preços são definidos pelos laboratórios de coleta e hospitais.