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Latam confirma que sairá de recuperação judicial em 3 de novembro

Empresa pediu a recuperação nos Estados Unidos, em maio de 2020, em meio à pandemia de covid. (Foto: Latam/Divulgação)

A Latam, maior grupo de transporte aéreo da América Latina, informou que planeja sair do Capítulo 11, lei americana de recuperação judicial em 3 de novembro. Na última semana, a companhia aérea já tinha avisado que sairia do processo na primeira semana de novembro. A empresa sofreu um baque com a pandemia o que a obrigou a entrar no Capítulo 11 em maio de 2020.

“Esse processo permitirá ao grupo emergir mais ágil, com estrutura de custos mais competitiva, liquidez adequada para enfrentar o futuro, com aproximadamente US$ 10,3 bilhões em patrimônio e cerca de US$ 6,9 bilhões em dívida. Nessa data, a LATAM Airlines Group S.A. (LATAM) entregará as ações e títulos conversíveis aos acionistas e credores”, diz a nota no site da empresa.

O grupo deve anunciar nesta semana a contratação de crédito novo para manter suas operações e quitar um importante financiamento contraído no âmbito do processo de recuperação judicial que venceu cujos emissores tinham prioridade no recebimento dos créditos.

São três tipos de operações. Um deles é um financiamento de curto prazo no valor de US$ 1,146 bilhão, que deve ser liquidado na primeira semana de novembro, quando da saída da Latam do Capítulo 11. A companhia espera pagá-lo com recursos a serem recebidos dos acionistas e de credores.

A empresa também levantou US$ 2,25 bilhões em financiamentos e títulos a serem pagos em prazos máximos que variam entre cinco e sete anos. Por fim, obteve uma linha de crédito rotativa de cerca de US$ 500 milhões.

A Latam foi a empresa aérea com operação doméstica no Brasil que mais sofreu durante a pandemia, principalmente por ser também a que possui a maior operação internacional. Com os bloqueios de entrada de viajantes adotados por diversos países logo após o surgimento da covid-19, a companhia teve de suspender grande parte dos seus voos internacionais.

Durante o processo de recuperação judicial da Latam, a Azul anunciou diversas vezes que estava tentando comprar a empresa e negociando formas de viabilizar a aquisição direto com os credores.

A Latam, no entanto, acabou conseguindo fechar acordo com os principais credores em um período de exclusividade de negociação que lhe era garantido pela justiça dos EUA.

Controle acionário

Em paralelo, haverá uma dança das cadeiras de seus acionistas: um grupo de credores liderados por três fundos fará um aporte na companhia e passará a ter dois terços das ações, assumindo seu controle.

Os principais acionistas da Latam hoje são a família Cueto, a Qatar Airways e a Delta Air Lines, que, juntos, detêm 46% de seu capital social. Eles serão diluídos, passando a deter uma fatia de cerca de 27%.

Um conglomerado de credores — entre os quais se destacam os fundos Sixth Street, Strategic Value Partners e Sculptor Capital — passarão a deter 66% do grupo. Os acionistas minoritários devem ficar com o restante, se decidirem aportar mais recursos na empresa.

A diluição dos acionistas já estava prevista na última versão do plano. Mas não se sabia qual seria a nova configuração, uma vez que a conversão da dívida em participação acionária é opcional. Inicialmente, a família Cueto resistia em perder o controle da empresa, mas acabou cedendo após negociações intensas.

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