Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2025
Um modelo de inteligência artificial criado com dados característicos da América Latina, para garantir que a realidade multicultural da região não seja deixada de lado no desenvolvimento dessa tecnologia, será lançado em meados de 2025, informou o Centro Nacional de Inteligência Artificial do Chile (Cenia).
O projeto, batizado de LatamGPT e coordenado pelo Cenia, conta com o apoio de mais de 30 instituições da América Latina e do Caribe, além de mais de 60 especialistas da região, segundo o centro.
“Quando falamos de inteligência artificial, ela precisa refletir o mundo que somos, com toda a sua diversidade. E no caso da América Latina, não basta apenas falar espanhol ou português, mas compreender nossa idiossincrasia, contribuir a partir da cultura e da visão de mundo”, afirmou Aisén Etcheverry, ministra da Ciência do Chile, citada no comunicado.
Diferentemente de outros modelos fechados, LatamGPT será aberto, permitindo que mais pessoas na América Latina e no Caribe possam estudá-lo, utilizá-lo e aprimorá-lo, desenvolvendo novas aplicações a partir dele.
O nome LatamGPT faz referência ao chatbot ChatGPT, desenvolvido pela empresa norte-americana OpenAI.
“É fundamental que possamos desenvolver capacidades próprias para termos uma certa independência e decidir como essa tecnologia impacta a sociedade”, afirmou Álvaro Soto, diretor do Cenia, uma organização chilena formada por diversas universidades e que conta com financiamento público.
“Até agora, não temos um modelo de linguagem regional, e essa tarefa não pode ser assumida por apenas um grupo ou um único país: é um desafio que exige o esforço de toda a região”, acrescentou Soto.
Para esse trabalho, somaram-se universidades, fundações, bibliotecas, entidades governamentais e organizações da sociedade civil, em uma aliança que reúne instituições de Chile, Uruguai, Colômbia, México, Peru, Equador, Espanha, Estados Unidos, Argentina e Costa Rica.
O projeto já conseguiu coletar mais de 8 terabytes (TB) de informações em texto puro, o equivalente a milhões de livros, segundo o comunicado.
Esses dados serão armazenados no Centro de Supercomputação da Universidade de Tarapacá, no norte do Chile, que está desenvolvendo a infraestrutura necessária para a pesquisa e implementação da IA.
Etcheverry ressaltou ainda que o objetivo é que a ferramenta funcione sob “estritos marcos éticos”, sem detalhar, no entanto, quais normas regerão o LatamGPT.