Terça-feira, 08 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de novembro de 2020
A Polícia Civil detalhou na tarde desta quarta-feira (11) os resultados do laudo preliminar sobre o incêndio que atingiu um dos três transformadores que deixa 13 das 16 cidades do Amapá sem o fornecimento total de energia elétrica. A investigação inicial descartou que o equipamento foi atingido diretamente por um raio e que o fogo começou em uma bucha, causando os danos.
A investigação conduzida pela Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Deccon) também pediu bloqueio de R$ 500 milhões das contas da concessionária que opera a subestação que pegou fogo para reparação de danos aos consumidores. A Justiça estadual concedeu o pedido em parte e bloqueou R$ 50 milhões.
Em nota, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), que integra a Isolux, declarou que “estava operando de acordo com o contrato vigente e a anuência dos órgãos reguladores”; que as causas são investigadas pela empresa e que “ainda não há como esclarecer a origem do problema”.
A empresa acrescenta que “as medidas de contenção respeitaram todas as normas, tendo evitado, inclusive a propagação do fogo para os demais equipamentos da subestação” e que “não tomou conhecimento de nenhuma acusação formal ou processo judicial sobre supostas alegações de atentado ao serviço público e bloqueio de bens da empresa”.
Para levantar as informações, Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na subestação que pegou fogo no dia 3 de novembro, em Macapá, o que deixou 90% do Amapá num apagão energético desde então. Houve oitivas, mas ninguém foi preso.
“De antemão o perito emitiu uma constatação preliminar informando que o problema ocorreu em uma das buchas do transformador. E isso gerou o incêndio e esse incêndio foi contido pelo Corpo de Bombeiros. A empresa não possuía uma guarnição que pudesse, naquele momento, fazer a contenção do fogo. O transformador que pegou fogo, gerou uma sobrecarga para o segundo, esse segundo foi danificado e o terceiro já estava sem funcionamento”, detalhou a delegada Janeci Monteiro.
A hipótese de o transformador ter sido atingido por uma descarga elétrica foi em função de no momento do fogo, o local, e toda Macapá, estar sendo atingida por uma forte chuva, com alta incidência de raios e trovões. O laudo preliminar constatou que os sistemas de para-raios dos transformadores estavam intactos.
“Pela complexidade desse tipo de perícia, o perito pode requerer a dilação do inquérito e que esse prazo [10 dias] seja estabelecido. Estamos diante de algo muito complexo, somente determinadas pessoas com conhecimento específico para aquilo podem trabalhar. O perito tem que ter esse conhecimento”, explicou o delegado Uberlândio Gomes, delegado-geral de Polícia Civil.
A investigação continua e busca apurar se algum raio pode ter causado algum problema e provocado posteriormente o incêndio no transformador. Para apurar as circunstâncias da crise energética, os policiais apreenderam documentos, realizaram intimações e ainda exames periciais nas instalações da transmissora, “a fim de evitar o perecimento de provas”.
O bloqueio de R$ 50 milhões das contas da concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) foi determinado pela juíza Mayra Brandão, da 3ª Vara Criminal da capital.
Também nesta quarta-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou a realização de uma auditoria, apresentada pela ministra Ana Arraes. Ela declarou que a apuração se justifica “diante do quadro de incontáveis prejuízos e danos à população, além das possíveis irregularidades e omissões” que levaram ao apagão. As informações são do portal de notícias G1.