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Colunistas Leitor pergunta

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Quem escreve quer ser lido.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Quem escreve quer ser lido. Para ser lido, submete-se a uma série de exigências. A mais importante: sintonizar-se com o leitor. É ele o dono e senhor do texto. O maior prêmio é merecer a atenção do destinatário. Entre os troféus, estão as consultas. Além de fornecer pauta, elas sinalizam o rumo a ser seguido na seleção e trato dos assuntos. Por isso, são pra lá de bem-vindas.

Cada macaco no seu galho

Parece estranho alguém escrever “através do planejamento urbano ou através de processos experimentais” como tenho lido. Pode falar no assunto?

Aldo Paviani, Brasília

É esquisito mesmo. A locução através de pertence à família do verbo atravessar. Deve, portanto, ser empregada no sentido de passar de um lado a outro, ou passar ao longo de: Vejo o jardim através da janela (meu olhar atravessa a janela e chega ao jardim). O conceito de beleza mudou através dos tempos (ao longo do tempo, o belo foi adquirindo significados diferentes).

Embora o modismo seja repetido a torto e a direito, evite usar através de em lugar de mediante, por meio de, por intermédio de, graças a ou da preposição por: Falei com ele pelo telefone. O acerto será feito mediante acordo de líderes. A notícia chegou por intermédio dos familiares da vítima. Chega-se às melhores soluções por meio do planejamento. Improvisação não está com nada.

De grandonas e pequeninas

Por gentileza, me diga por que o nome dos meses se escreve com inicial minúscula e o nome dos pontos cardeais com inicial maiúscula.

Roldão Simas Filho, Octogonal

Quem decide o emprego de maiúsculas e minúsculas é o Vocabulário ortográfico da língua portuguesa (Volp), da Academia Brasileira de Letras. Os imortais definiram que janeiro, fevereiro, março & cia. são nomes comuns. Daí a inicial pequenina. Definiram, também, que Norte, Sul, Leste e Oeste, substantivos próprios, se grafam com inicial grandona. Nós, inteligentes que somos, dizemos amém. Manda quem pode. Obedece quem tem juízo.

Pancada nos olhos

Lia o jornal de sábado com a atenção de sempre. Quando cheguei ao editorial, encontrei esta frase: “De nada adiantará promessas de prosperidade”. Os olhos doeram. Há um baita erro de concordância na frase, não?

José Aldo Peixoto Corrêa, BH

Trata-se de tropeço pra lá de comum. A causa de tantos esbarrões se chama ordem inversa. O sujeito muda de lugar. Vai pra depois do verbo. Aí, os distraídos o confundem com o objeto. Compare:

Promessas de prosperidade (sujeito) de nada adiantarão.

De nada adiantarão promessas de prosperidade.

Bicicletas passavam na minha rua.

Passavam bicicletas na minha rua.

Os filhos incluem-se na relação.

Incluem-se os filhos na relação.

Multinacional

Tenho uma curiosidade. De onde vêm as palavras da nossa língua?

Marcelo Chaves, Boa Vista

O dicionário é gordo que só. Tem cerca de 500 mil vocábulos. As palavras que a gente usa estão lá. As que não usa também. De veio onde tanta fartura? A maior parte veio do latim, pai do português. Mas outras línguas entraram na jogada. Do francês herdamos garagem, musse, abajur. Do italiano, fiasco, carnaval, pizza. Do inglês, xampu, gangue, videogame.

O árabe também nos presenteou com um montão de vocábulos. Muitos têm uma marca. Começam com al. As duas letrinhas são o artigo da língua das Arábias. Correspondem ao nosso a e o (a mesa, o gato). As senhoritas árabes são velhas conhecidas: álcool, alface, alcachofra, alfafa, almeirão, almirante, almofada, alfaiate, alfinete, algarismo, álgebra, algazarra.

Não pense que todas começam com al. Se assim fosse, seria muito chato, não é? Há as que fogem da regra. É o caso de oxalá. A danadinha quer dizer tomara, Deus queira: Oxalá faça sol no fim de semana.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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