Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Luiz Carlos Sanfelice | 10 de janeiro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Era o dia da instalação oficial do XVIII Congresso Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, nos imensos pavilhões do ANHEMBI em São Paulo, onde nossa empresa, a MSA do Brasil, tinha montado um belo Stand de Exposições de seus produtos. Na solenidade de instalação estava o Presidente da República o General Ernesto Geisel, o Ministro do Trabalho e o da Saúde, além do Governador de São Paulo, outras autoridades, muitos políticos e grandes empresários. Eu era Diretor Comercial da MSA e por participação nos meios empresariais exercia também a Vice-Presidência da Associação Comercial e Industrial de Diadema e era Diretor Regional da FIESP para o ABC, quando era Presidente da FIESP o Paulo Maluf, que na ocasião disputava ferrenhamente a indicação para o Governo de São Paulo com o Laudo Natel, outro proeminente nome da política paulista.
Naquela tarde, junto com meu chefe e Diretor Geral, André Magalhães, fomos participar da solenidade de instalação do dito Congresso e depois iríamos para nosso Stand onde receberíamos o Presidente Geisel, os Ministros, o Governador e outras autoridades que visitariam nosso stand para um coquetel oferecido por nossa empresa.
Pois foi naquele dia, hora e local que cometi uma das maiores gafes sociais da minha vida.
Há pouco tempo havia tido em São Paulo uma das mais acirradas brigas políticas, com direito a bate-bocas, xingamentos e acusações entre as partes – das brabas mesmo – e ambos do mesmo partido – a ARENA – e cada um com seu séquito de apoiadores e seguidores. A “peleja” acontecera entre
Laudo Natel e Paulo Maluf, disputando a indicação de seu nome para Governador de São Paulo e, nesse embate, se tornaram inimigos ‘de morte’. Os dois estavam, naquele dia, lá no Anhembi, na instalação desse Congresso.
Bom… vai daí que em determinado momento ao final do encontro, pessoas ficaram por ali, em pequenos grupos, conversando e entre elas, meio separados, sozinhos o Cláudio Lembo então Presidente da ARENA e o Paulo Maluf, um dos contendores da recente batalha política. Estavam próximos de nosso Stand e eu vinha caminhando nessa direção e, quando vi os dois, me aproximei de braços abertos falando alto, quase gritando, me dirigindo ao Maluf, disse: “meu caro amigo Laudo Natel, como vai?”…o Maluf, educado que era, parou, me olhou bem (com aqueles óculos de fundo de garrafa) e perguntou… “você tem certeza?”…- a ficha caiu – dei um tapa na testa, dei meia volta e me mandei… Meu Deus! Que fora!… como é que fui confundir o Laudo Natel com o Maluf. Que mancada!
Dizem que o Maluf tem “memória de elefante” e que jamais esquece um incidente. Pelo-sim-pelo-não depois disso por várias vezes estivemos debaixo do mesmo teto, em diversos outros eventos, mas, discretamente, eu procurava ficar no canto extremo oposto ao que ele estivesse.
Bem feito. Fui me exibir e “quebrei” a cara…
Anos depois voltei a morar em Porto Alegre. Os anos passaram, ambos ficamos velhos, acho então que ele deve ter esquecido essa história.
Afinal, ele se tornou Governador de São Paulo, satisfez sua ambição e seguiu a vida dele.
Na próxima edição de “LEMBRANÇAS QUE FICARAM (5)” contarei a honrosa história incomum, de enorme sucesso, do Professor Doutor HARDY JOST o PhD mais PhD que conheci na vida.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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