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Colunistas Lembranças que ficaram (55): rã empanada e costelas quebradas

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Desde Dezembro de 1970 eu era Gerente Regional para o RS, PR e SC da Filial Brasileira da multinacional Mine Safety Appliances Co., que aqui no Brasil, operava com o nome de MSA DO BRASIL. A Filial Sul tinha sede em Porto Alegre, no Ed. Santa Cruz, hiper-moderno e há pouco inaugurado e ocupávamos parte do 6º andar, num total de 12 funcionários – 4 administrativos e 8 vendedores técnicos. A sede era em Diadema, no ABC, próximo a fábrica dos Filtros Fran e da Toyota.

O Diretor Geral era um disciplinadíssimo escocês de nome William Stewart Wright e o Diretor Comercial (a quem eu respondia) era um legítimo português, de nome André Magalhães, ambos ex-Diretores da Motores Perkins do Brasil.

O André, português corretíssimo, um ‘bonachão’, alegre, contador de piadas, era amigo muito próximo de um muito rico empresário, sobrinho de sangue do pintor Cândido Portinari, chamado Rui Natal Portinari Fabri, que morava e tinha negócio em São Bernardo do Campo. O Rui tinha um sítio de 10 hectares um pouco adiante da Volkswagen, no vilarejo de Rio Grande, as margens da represa Billings, ao lado da Via Anchieta, em direção a Santos. Um sítio de luxo. Coisa mais linda. Casarão, piscina, quadra de esporte e campo de futebol e um enorme barracão rústico para festas e comemorações.

Em 1970 e pelos 5 anos seguintes tentar falar pelo telefone, daqui de Porto Alegre para Diadema, era “um parto”. Nossa comunicação era via correspondência por malote que na época era feito por uma empresa privada – muito competente – chamada SERVINCIN. Então, tínhamos malote diário, de 2 vias. Mas nem tudo se consegue escrevendo. A necessidade de falar e ouvir, de explicar e de entender, foi no passado e continua sendo até hoje, pessoa a pessoa, falando e ouvindo ao redor de uma mesa. Assim, os contatos pessoais e reuniões para definir atos e ações, planos e estratégias, requeria que eu fosse quase todo mês à SP e muitas vezes mais de uma vez e não poucas vezes, ficar em SP o fim de semana. Vai daí que o André passou a me convidar para, nesses fins de semana, ir no sítio do Rui, de quem fiquei, também, sendo grande amigo. Éramos todos irmãos rotarianos.

Aí então aconteceu um evento daqueles que a gente chama de “a 1ª vez”.

Numa dessas vezes em que fiquei em SP o fim de semana, fui com o André e sua família (a Mila e seus 3 filhos) passar o domingo no sítio do Rui e para o almoço havia sido programada uma “ranada” (nem sei se escreve assim, ou é rãnada e nem sei se existe essa palavra) (de galinha sei que é galinhada, mas de rã, não sei). O prato principal (e quase único) era Rã Empanada. Eu nunca sequer havia um dia cogitado de comer rã e nem sabia distinguir a Rã de um Sapo. Tinha estranhado que naquele domingo a churrasqueira não estava acesa e, no fim, só fiquei sabendo da tal “Rã Empanada” na hora que sentamos para almoçar. Éramos umas 25 pessoas – todos amigos do Rui.

E vieram as ‘travessas’ cheias de “Rã Empanada”. E agora, José…??? Fiquei ali olhando, me servindo de uma salada, um pouco de arroz e de ‘olho’ no pessoal, mas não me atrevia a me servir das rãs e as olhando assim, só de ‘rabo’ de olho, ‘assim meio de soslaio’. Porém, logo me chamou a atenção a avidez com que as crianças se lançaram a degustá-las e de que jeito era o jeito de ‘pegar’ o bicho e levar à boca. Não tem como usar garfo e faca. Tem que pegar as perninhas na mão, mesmo. Comiam com tanto gosto que me atrevi a pegar uma. Pra quê… ‘rapaz do céu’ – foi uma de muitas, talvez uma dúzia. Que coisa bem boa!!! Adorei. Foi uma 1ª vez marcante e inesquecível. A bebida, o tempo todo, era um espumante brüt rosé, da melhor qualidade.

Depois desse baita almoço, uns foram sestear, as crianças brincar e as mulheres a conversar. Lá pelas 3 da tarde inventaram de formar dois times e disputar uma ‘pelada’. Tinha campo, travas e sinalização. Eu nunca fui muito de futebol, então me botaram de goleiro de um dos lados. A figura do legítimo ‘frangueiro’. E fui à luta. E assim meio que de qualquer jeito, ia defendendo as bolas que vinham até que num chute mais forte me lancei a defesa e acabei caindo com o lado direito do tórax, sobre a bola. Mas defendi. Na hora me deu uma dor aguda ‘meio passageira’ que logo passou. Só depois, já na quarta-feira, é que no hospital em Porto Alegre, o médico me disse que a dor de fratura de costela, aumenta com o passar dos dias – não diminui como as outras fraturas. Havia ‘quebrado’ 2 costelas ao cair sobre a bola. Nossa… meu caro… que dor danada. Enfaixaram meu tórax e assim fiquei por um bom tempo. Nunca quebrei nada antes e já chegando, agora, aos 86 nunca mais quebrei nada. As vezes penso que foi para não esquecer a ‘gula’ em devorar tão avidamente aqueles pobres bichinhos. Na época fiquei surpreso e admirado em saber o quanto a rã é consumida em SP.

(Luiz Carlos Sanfelice – lcsanfelice@gmail.com)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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