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Política Liberal, neoliberal, ultraliberal: entenda o que é o liberalismo e por que o termo voltou a dominar o debate político

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Javier Milei, na Argentina, e Donald Trump, nos EUA, são exemplos de ultraliberais libertários. (Foto: Reprodução)

Nos últimos anos, qualquer pessoa que se prontificou a debater política e economia entre amigos, no trabalho ou na academia ouviu, em poucos minutos, alguma referência ao termo “liberalismo” ou alguma de suas variações.

Na Europa, o termo ajuda a definir até o tipo de regime político: são as tais “democracias liberais”. Ao mesmo tempo, líderes de ultradireita como Donald Trump (Estados Unidos), Javier Milei (Argentina) e Georgia Meloni (Itália) recebem outro crachá: são os “ultraliberais”.

No Brasil,  parte da direita passou a se identificar na última década com um mantra: “liberal na economia, conservador nos costumes”.

Mas… afinal, o que são esses liberalismos?

Liberalismo

A corrente de pensamento conhecida hoje como liberalismo surgiu no século 17 como uma resposta ao absolutismo dos reis que comandavam a Europa naquele período.

“O liberalismo é uma sociedade dos direitos. É um modelo de sociedade baseado em direitos e baseado na lei. O Estado democrático é liberal. É o Estado de direito versus o Estado de arbítrio. Ninguém é obrigado a fazer nada ou a deixar de fazer se a lei não diz. E é do liberalismo que vêm, por exemplo, todos os direitos fundamentais, os direitos civis. O liberalismo vai conquistando isso pouco a pouco. Tirava poderes do rei e transferia para parte dos cidadãos”, explica Wilson Gomes, pesquisador e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em entrevista à BBC News Brasil.

Crise 

Ao longo da última década, a ascensão de governos conservadores (ou ultraconservadores, a depender de quem classifica) em todo o mundo parece ter colocado parte desses preceitos em xeque.

Os direitos das mulheres e da população LGBTQIA+, por exemplo, e o fechamento das fronteiras nacionais para imigrantes e produtos importados seriam sinais dessa “crise do liberalismo”.

O cientista político Murilo Medeiros, no entanto, avalia que as ideias liberais seguem fortes em todo o mundo – e que não há chance de serem derrubadas por completo.

“O liberalismo, a despeito das críticas recorrentes que costuma receber, continua sendo uma das correntes de pensamento mais influentes no mundo. É fonte de prosperidade, paz, inclusão, livre manifestação e geração de oportunidades”, diz Medeiros.

Neoliberalismo

No início do século 20, o liberalismo sofreria uma de suas principais reformulações: o neoliberalismo.

Em sua tese de doutorado na Unicamp sobre o neoliberalismo e os institutos liberais no Brasil pós-redemocratização, a cientista social Denise Barbosa Gros explica que o neoliberalismo, em resumo, consiste em “legitimar, teoricamente, um conjunto de mudanças na forma de gerir a economia e a sociedade, dentre as quais é central a diminuição do papel que o Estado desempenha num modelo econômico que permite maior integração dos países ao processo de globalização financeira, dos mercados e da produção”.

Os três principais difusores da alternativa neoliberal no campo político foram o presidente americano Ronald Reagan, a primeira-ministra britânica Margareth Thatcher e o ditador chileno Augusto Pinochet.

Libertários

A partir dos anos 1970, os liberais passam a se dividir em duas grandes vertentes que reformulam princípios clássicos do liberalismo: os igualitários e os libertários.

Como explica a cientista política Marina Basso Lacerda, essa corrente libertária defende um Estado estritamente limitado à proteção contra força, roubo ou fraude e à proteção de contratos e propriedades, negando “qualquer razão moral para se mitigar a desigualdade e criar políticas de bem-estar”. Sob essa perspectiva libertária, não é papel do Estado prover sistema de educação ou saúde pública.

Nesse grupo estariam os governos de direita que assumiram o poder após vencerem eleições em países como Estados Unidos, Hungria e Argentina.

Por outro lado, o grupo de liberais igualitários é bastante influenciado pelas ideias do filósofo político americano John Rawls, que trata de justiça social e da igualdade de oportunidades como valor liberal fundamental. Para ele, cada pessoa tem direito à maior quantidade de liberdade compatível com a liberdade dos outros.

Cientista política e doutoranda na Universidade de Brasília, Isabela Silveira Rocha afirma que o mundo vive hoje um liberalismo de viés corporativista, ou seja, “capturado” por grandes corporações que exercem forte influência sobre os governos e a sociedade.

“No mundo, o liberalismo está consolidado nesta nova fase de monopólio, já que o corporativismo capturou a máquina estatal. Hoje, nos EUA, bastião do liberalismo, o modelo é frequentemente associado ao poder das grandes corporações”, diz.

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