O Dia das Mães chegava. Por que não aproveitar a data? A professora pediu uma redação. Todas deveriam terminar com esta frase: “Mãe só tem uma”. A meninada pôs mãos à obra. Alguns contaram episódios da infância. Outros, cuidados em caso de doença. Não faltou quem falasse em ajuda nos deveres de casa ou em sufocos devidos a confusões inesperados.
Um deles contou história com enredo diferente. Visita havia chegado à casa da família. Alvoroço geral. A mãe, solícita, pediu ao filho que pegasse duas Cocas na geladeira. Depois de poucos minutos, o garoto voltou: “Mãe, só tem uma”.
Ter e haver
Viu? Os brasileiros têm uma marca. Na língua informal, trocam o haver pelo ter. É o caso da frase da professora. Ter está empregado no sentido de existir. Usurpou o ligar do haver: Mãe só há uma.
A vírgula
O garoto da Coca-Cola mudou o sentido da frase. Colocou uma vírgula. Mãe virou vocativo: (ó) Mãe, só tem uma.
Com pedigree
Datas comemorativas têm pedigree. Nomes próprios, escrevem-se com a inicial grandona: Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Professores, Dia da Criança, Dia do Médico, Dia do Funcionário Público, Dia do Evangélico, Dia da Pátria.
Matriz da humanidade
Homenagear a mãe é tradição mais antiga que o rascunho da Bíblia. Na Grécia antiga, na Roma dos Césares, na Idade Média, o povo reverenciava a mulher que dá à luz meninos e meninas. Ela não era convocada para lutar nos campos de batalha por ser a matriz da humanidade – capaz de equilibrar a população depois dos estragos causados pela guerra.
Há um século, os Estados Unidos instituíram o Dia das Mães. O presidente Woodrow Wilson oficializou 9 de maio para a festa. O Brasil importou a ideia 82 anos depois. Getúlio Vargas introduziu a data (segundo domingo de maio) no calendário verde-amarelo em 1932. De lá pra cá, é só festa. Mães, shoppings e restaurantes batem palmas. Viva!
Eles disseram
“Deus não pode estar em todos os lugares. Por isso criou as mães.” (Ditado judaico)
“Toda a mulher acaba por ficar igual à própria mãe. Essa é a sua tragédia. Nenhum homem fica igual à própria mãe. Essa é a sua tragédia.” (Oscar Wilde)
“Mães judiciosas têm consciência de que são o primeiro livro lido e o último posto de lado na biblioteca dos filhos.” (Charles Lenox Remond).
Ser mãe não é uma profissão; não é nem mesmo um dever: é apenas um direito entre tantos outros. (Oriana Fallaci)
À medida que os filhos crescem, a mãe deve diminuir de tamanho. Mas a tendência da gente é continuar a ser enorme. (Clarice Lispector)
Amamos as nossas mães quase sem o saber e só nos damos conta da profundidade das raízes desse amor no momento da derradeira separação. (Guy Maupassant)
Uma mãe é capaz de ensinar mais do que cem professores. (ditado judaico)
O coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão. (Honoré de Balzac)
Os filhos são para as mães as âncoras da vida. (Sófocles)
Algumas mães são carinhosas e outras são repreensivas, mas isso é amor do mesmo modo, e a maioria das mães beija e repreende ao mesmo tempo. (Pearl S. Buck)
“A mão que balança o berço é a mão que governa o mundo.” (William Ross Wallace).
“Os braços de uma mãe são feitos de ternura, e os filhos dormem profundamente neles.” (Victor Hugo).
“Quando se é mãe, nunca se está só nos pensamentos. Uma mãe sempre pensa em dobro – uma vez por ela e outra pelo filho.” (Sophia Loren).
Leitor pergunta
Último adeus é pleonasmo?
Célia Silva, Canoas
Não. Ao longo da vida, podemos dar vários adeuses. O derradeiro é o último. Em geral, dado em caso de morte.