Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2025
O primeiro-ministro da Groenlândia, Múte B. Egede, afirmou na sexta-feira que os habitantes do território ártico da Groenlândia, rico em minerais, não têm interesse em se tornarem americanos. Segundo a rede de televisão americana CBS News, no entanto, ele reconheceu o interesse estratégico do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, na ilha, e se mostrou aberto a uma cooperação mais estreita com Washington.
As declarações de Egede ocorreram após Trump afirmar, no início da semana, que não descartava o uso de força ou pressão econômica para incorporar a Groenlândia — um território semiautônomo da Dinamarca — aos Estados Unidos. Trump justificou o interesse como uma questão de segurança nacional, citando o derretimento do gelo marinho, que abriu novas rotas de navegação no Ártico.
A preocupação de potências ocidentais sobre o uso estratégico dessas rotas por Rússia e China no Atlântico Norte também foi mencionada. Egede reconheceu que a Groenlândia faz parte do continente norte-americano e é “uma área que os americanos veem como parte de seu mundo”. Ele disse que não conversou com Trump, mas que está aberto a uma discussão sobre o que “nos une”.
“Cooperação é sobre diálogo. Cooperação significa que você trabalhará em direção a soluções”, disse ele.
Egede defende a independência da Groenlândia, retratando a Dinamarca como uma potência colonial que nem sempre tratou bem a população indígena inuit.
“A Groenlândia é para o povo groenlandês. Não queremos ser dinamarqueses, não queremos ser americanos. Queremos ser groenlandeses”, disse ele em uma entrevista coletiva ao lado da primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen em Copenhague.
O interesse de Trump pela Groenlândia causou apreensão na Dinamarca e em toda a Europa. Como principal membro da OTAN e aliado importante da União Europeia, composta por 27 nações, os Estados Unidos surpreenderam europeus com a possibilidade do novo presidente americano considerar o uso da força contra um aliado.
A Groenlândia, a maior ilha do mundo, faz parte da Dinamarca há mais de 600 anos, embora os seus 57 mil habitantes governem agora os seus próprios assuntos internos.