Sábado, 08 de março de 2025
Por Redação O Sul | 9 de setembro de 2024
María Corina Machado está escondida desde o começo de agosto
Foto: ReproduçãoA líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, afirmou nesta segunda-feira (9) que permanecerá no país. Durante um evento virtual, María, que está escondida desde o começo de agosto, quando disse temer por sua vida, falou sobre a escolha de seu candidato às eleições presidenciais, Edmundo González Urrutia, de se exilar na Espanha.
“Se a saída do Edmundo muda alguma coisa, em uma perspectiva que possa aumentar o risco para mim, não sei, mas de qualquer forma decidi ficar na Venezuela e acompanhar a luta daqui enquanto ele acompanha de fora”, disse Machado em um evento virtual.
González, que no fim de semana foi para a Espanha em um voo da Força Aérea espanhola, disse ter deixado o país para evitar um conflito. A viagem foi feita com autorização do governo venezuelano, segundo a vice-presidente do país, e gerou críticas, entre a oposição, de que a saída de González pode enfraquecer o movimento — os opositores afirmam ter vencido as eleições, apesar de a Justiça eleitoral ter declarado vitória de Maduro. As atas eleitorais, espécies de boletins de urna, não foram divulgadas pelo governo.
Em um comunicado, Edmundo González disse que optou refugiar-se na Espanha, onde já recebeu asilo político, para evitar “um conflito de dor e sofrimento”. Ele se disse ainda disposto ao diálogo com o governo Maduro.
“Eu fiz isso (ir à Espanha) pensando na minha família e em todas as famílias venezuelanas neste momento de tanta tensão e angústia”, disse. “Só a política do diálogo pode fazer com que nos reencontremos como patriotas. Só a democracia e a realização da vontade popular pode ser o caminho”.
No domingo (8), em um áudio divulgado por sua equipe após González chegar a Madri, na Espanha, o oposicionista disse que seguirá “na luta”. González deixou a Venezuela em uma aeronave da Força Aérea espanhola, que pousou no domingo na Base Aérea de Torrejón de Ardoz, nos arredores de Madri. O ex-diplomata recebeu asilo político do país europeu após ter tido a prisão decretada na Venezuela. Ele estava foragido.
Leia a transcrição do áudio na íntegra:
“Estimados amigos, antes de tudo, recebam um cordial e afetuoso cumprimento, junto com minhas palavras de agradecimento pelas expressões de solidariedade recebidas de muitos de vocês. Queria informar que hoje, pela manhã, cheguei a Madri. Minha saída de Caracas foi cercada de episódios de pressões, coações e ameaças de não permitirem minha partida. Confio que em breve continuaremos a luta pela liberdade e pela recuperação da democracia na Venezuela. Um forte abraço a todos”.
Segundo o site de notícias Bloomberg, González passou mais de um mês refugiado na Embaixada da Holanda em Caracas, após as eleições de 28 de julho, antes de se dirigir à representação diplomática espanhola. Aliada de González, María Corina Machado justificou o asilo político de González dizendo que, na Venezuela, “sua vida corria perigo, e as crescentes ameaças, citações judiciais, ordens de apreensão e até as tentativas de chantagem e do coação de que ele foi objeto demonstram que o regime [chavista] não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão de silenciá-lo”.