O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), acusou senadores do PT contrários ao ajuste fiscal de Dilma Rousseff de fazer “firula” e afirmou que o País “quebra” caso o Senado não aprove as MPs (medidas provisórias) de aperto nos gastos trabalhistas e previdenciários. “O País quebra se não votarmos as medidas provisórias. (…) Quebra porque desacelera, não cria expectativa, não sinaliza para o ambiente econômico do País. Essa não votação [das MPs do pacote] pode inviabilizar politicamente a economia do País”, afirmou.
Após muita resistência, inclusive de deputados do PT, a Câmara aprovou nas últimas semanas as MPs 664 e 665, que endurecem as regras para acesso a benefícios como o seguro-desemprego e a pensão por morte. O Senado adiou a votação dessas propostas para a semana que vem e, na visão do governo, a Casa tem que aprová-las sem modificação. Isso porque se houver alteração, as MPs voltam para a Câmara, que, como reconhece o próprio Guimarães, não terá tempo hábil para uma nova votação.
Pelas regras de tramitação das MPs, o Congresso tem até o dia 1 de junho para votá-las. Caso contrário, elas caducam. Diferentemente de Guimarães, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que se o Senado alterar as MPs e elas regressarem até a quarta-feira, a Casa as votará no mesmo dia ou no dia seguinte. Segundo Cunha, a Câmara não pode passar a imagem de ser contra o ajuste nem negar a Dilma as condições de governabilidade.
Devido ao tempo exíguo, Guimarães criticou, sem citar os nomes, os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Paulo Paim (PT-RS), que anunciaram publicamente votos contrários ao pacote de Dilma. “Tem gente no PT que adora bater foto com a Dilma quando ela vai para os Estados. E adora fazer movimento contrário. (…) To falando agora como vice-presidente nacional do PT, isso não pode. Ser governo tem ônus e bônus político, não tem jeito”, disse o parlamentar.