Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de abril de 2025
A anistia não é a única queixa de Sóstenes.
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos DeputadosO líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que dará um ultimato ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Se o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de Janeiro não entrar em pauta no plenário, o PL romperá com ele e poderá monopolizar o controle de mais de R$ 6 bilhões em emendas.
“Falei mais cedo com o Valdemar (Costa Neto, presidente do PL) que precisamos estabelecer um limite, porque, se não, ele vai ficar nos enrolando, empurrando com a barriga. Ele (Valdemar) falou que estou certo e que é para estabelecer esse limite”, disse Sóstenes.
A anistia não é a única queixa do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro tem com Motta. O acordo que envolve emendas de comissão é outra questão que incomoda a sigla.
Segundo Sóstenes, há um acordo entre lideranças de que os partidos que presidem comissões temáticas no Congresso têm direito a indicar 30% de todos recursos de emendas, enquanto os outros 70% são divididos entre os demais partidos. Se o rompimento prosseguir, o PL diz que poderá usar 100% dessas emendas.
“A gente vai estabelecer um limite”, afirmou Sóstenes. “Se ele (Hugo) não entender que o limite foi estabelecido, ele está rompendo com o PL. Porque ele não está cumprindo o que tratou e tudo tem um limite.”
O PL tem direito a R$ 6,7 bilhões em emendas de comissão neste ano. Só a Comissão de Saúde da Câmara, presidida por Zé Vitor (PL-MG), tem direito a R$ 4,98 bilhões. A Comissão de Turismo, também presidida pelo PL, tem direito a mais R$ 2,2 bilhões.
Obstrução
O Partido Liberal promete fazer obstrução na Câmara dos Deputados caso o projeto de lei de anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro não tenha andamento na casa. A ameaça partiu do líder da legenda. Sóstenes havia prometido apresentar um requerimento de urgência para levar o texto direto ao plenário, mas não houve apresentação formal da medida na reunião.
O PL vem costurando nos bastidores apoio ao projeto que pode na prática beneficiar Jair Bolsonaro. A legenda quer levar o projeto direto ao plenário da Câmara, mas ainda não apresentou formalmente as assinaturas de apoio para isso. O deputado garante que já possui as assinaturas necessárias, que seriam de pelo menos 257 deputados ou de líderes que representem esse total.
Sóstenes espera uma decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta, até a volta da viagem que fará à Ásia, na semana que vem, com o presidente Lula. Nos bastidores, está se construindo como solução intermediária a criação de uma comissão especial para analisar o texto. Dessa forma, a medida não é levada diretamente ao plenário, mas também não fica parada. Segundo Sóstenes, a solução seria bem recebida pelo PL.
O líder do PT, Lindbergh Farias, disse que na semana que vem a pressão deve aumentar em razão do julgamento de Bolsonaro no STF, mas que o PT não aceita o andamento da proposta.
‘Nós não aceitamos que esse projeto seja pautado, o líder do PL Sóstanes falou sobre isso. A gente deu um posicionamento contrário e também não viu as assinaturas desse requerimento. Mas para nós essa é uma questão central. Eu sei o drama que o PL está vivendo. A próxima semana ele disse que vai pegar fogo, por quê? Vai ter a denúncia do Bolsonaro, vai ter sessão no Supremo. Eu entendo que eles estejam nervosos, mas não podem levar o poder legislativo para esse tipo de aventura.’
Na semana que vem, com a viagem de Hugo Motta acompanhando Lula em um giro pela Ásia, a Casa será comandada pelo vice-presidente, Altineu Côrtes, que é do PL. A legenda, garantiu, no entanto, que não fará nenhum tipo de manobra e vai aguardar a volta do presidente da Câmara antes de iniciar a obstrução.