Domingo, 09 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2025
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pediu que seu governo recuse qualquer negociação com Estados Unidos, alegando que seria “imprudente”. Ele disse que experiências anteriores já provaram que negociações com os EUA não são “inteligentes, sábias ou honrosas”, relatou a agência de notícias oficial do país, a IRNA.
“Você não deve negociar com um governo desses, é imprudente, não é inteligente, não é honroso negociar”, afirmou ele, acrescentando que os EUA “arruinaram, violaram e rasgaram” um acordo nuclear de 2015.
As declarações ocorrem dois dias após o recém-empossado presidente americano, Donald Trump, dizer que gostaria de começar a trabalhar em um acordo de paz com Teerã depois de restaurar sua campanha de máxima pressão sobre o país.
“Relatos de que os EUA, em conjunto com Israel, pretendem fazer o Irã em pedacinhos são muito exagerados. Eu prefiro muito mais um acordo de paz nuclear verificado. Devemos começar a trabalhar nisso imediatamente”, afirmou o republicano nas redes sociais na última quarta-feira (5).
O plano vem do mesmo presidente que, em 2018, durante seu primeiro mandato na Casa Branca, retirou Washington do pacto nuclear de Teerã com potências mundiais, citado por Khamenei nesta sexta —o acordo impunha restrições ao programa nuclear do Irã em troca de um alívio das sanções econômicas. Na ocasião, Trump restabeleceu medidas que prejudicaram a economia do Irã.
Na quinta (6), o presidente iraniano, Masud Pezeshkian, já havia se manifestado sobre o assunto dizendo que seu país não busca armas nucleares.
“Verificar esta questão é uma tarefa fácil”, disse ele em uma reunião com diplomatas estrangeiros em Teerã, citando um pronunciamento de Khamenei que proíbe armas atômicas. “Massacrar pessoas inocentes não é aceitável na doutrina da República Islâmica do Irã”, afirmou.
Reunião
Em outra frente, Ali Khamenei se reuniu nesse sábado (8) com os principais líderes do Hamas em Teerã, informou a agência de notícias estatal IRNA. O encontro foi com Khalil al-Hayya, vice-chefe da cúpula política do Hamas, e Muhammad Ismail Darwish, presidente do Conselho Shura do Hamas.
Khamenei afirmou que o povo de Gaza derrotou “o regime sionista, e a América, e não permitiu que eles alcançassem nenhum de seus objetivos”. Ele também agradeceu aos oficiais do Hamas que negociaram o acordo de cessar-fogo com Israel, segunda a IRNA.
O Hamas é um dos principais aliados na região e integra o que o Irã chama de “Eixo da Resistência”, um grupo de países e organizações na sua esfera de influência que se opõem a Israel. Também fazem parte do “Eixo” o Hezbollah, do Líbano e os rebeldes Houthis, do Iêmen.
O ano de 2024 foi ruim para essa esfera de influência iraniana. O governo Bashar Al-Assad na Síria, um dos aliados mais próximos, foi derrubado por rebeldes, enquanto o Hezbollah e o Hamas sofreram graves perdas. Israel conseguiu matar o líder militar do Hamas, Yahya Sinwar, na Faixa de Gaza, e assassinou com drones o líder do braço político do grupo, Ismail Haniyeh, em Teerã, no que foi visto como uma humilhação para o regime iraniano. (Folhapress e Estadão Conteúdo)